PROFESSOR-EDUCADOR
PROFESSOR-EDUCADOR
No dia 15 de outubro comemora-se o Dia do Professor. Essa proximidade me faz lembrar de que há alguns anos, quando eu trabalhava em um colégio particular de Linhares, com clientela de classe média alta; sabedora da importância dos estudantes projetarem seus sonhos desde a escola, eu resolvi instigá-los para tal, fazendo DUAS perguntas aos alunos: O QUE VOCÊ PRETENDE SER QUANDO CRESCER? POR QUÊ?
Recordo-me de que no meio de cerca de mil alunos, apenas uma mocinha do Ensino Médio, bolsista, levantou o braço, sinalizando que pretendia vir a ser professora como a sua mãe.
Os demais alunos, em sua maioria, queriam ter as profissões “chiques” dos seus pais, porque estes tinham boa rendas.
Comecei a refletir sobre os resultados apurados e cheguei a outras indagações:
• Quantos escolhem ser professor por vocação e quantos por falta de opção?
• E eu mesma, o que me levou a escolher essa profissão?
• Quantos conseguem de fato reconhecer a grandeza dessa profissão?
• E o que é reconhecer o seu valor?
• É respeitar esse profissional pelo seu importante papel social?
• É pagar-lhe um salário digno?
• O que vem a ser um salário digno?
Essas inquietações se ampliaram em 2014, quando, planejando uma aula sobre Ética, eu descobri no YouTube um vídeo em que o filósofo Mário Sérgio Cortella indaga: SE VOCÊ NÃO EXISTISSE, QUE FALTA VOCÊ FARIA?. Nele, Cortella cita o capítulo 3 do Apocalipse, em seus versos 15 e 16, onde se lê:
• “15. Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente!
• 16. Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.”
Cortella conclui, então, que “Deus vomitará os mornos”.
E quem são os mornos? Na educação, eles são as pessoas que não fedem e nem cheiram, são as mais ou menos competentes, mais ou menos comprometidas, mais ou menos responsáveis, mais ou menos decentes, mais ou menos honestas, mas ou menos corajosas...
Definitivamente, a educação escolar não consegue acontecer com gente morna, não com quem se limita a transmitir os conhecimentos compilados pela humanidade;
A educação escolar precisa daqueles que estivem dispostos a inspirar e conspirar por um mundo melhor, pois educam sendo exemplos do que pregam;
A educação escolar precisa dos que dominam seus conteúdos, sim, de profissionais quentes, posicionados, que não abrem mãos de educadamente delimitar princípios e valores morais a quem quer que seja.
Nesse sentido, a profissão de professor recebe um hífen, fica composta: PROFESSOR EDUCADOR... Assim, não apenas o nome da profissão se amplia, mas também a sua grandeza, pois independentemente de vínculos ou de espaços escolares, professores-educadores jamais se aposentam.
Dessa forma, receba ontem, hoje, amanhã e sempre o meu reconhecimento a você, colega professor-educador. Sei que você não aguarda festas, posts, confetes... Sei que seu compromisso é com o seu caráter, com sua vocação e com certeza de que não seremos vomitados por Deus!