UM GRANDE PRÉMIO... COM CERTEZA !

UM GRANDE PRÉMIO... COM CERTEZA !

Insone, às 4 da madrugada deste 30 de setembro, véspera de meus 68 anos, resolvi anotar algumas considerações sobre o "Prémio PENA DE OURO de Literatura", audacioso projeto nascido em terras gaúchas. Tanto quanto São Paulo, desde os anos 70, os "pampas" têm produzido inúmeros jornais e revistas literários, ouso afirmar que cada cidade tinha o seu, algumas ainda os possuem, 40 anos depois.

Esse projeto surpreendente -- quase "suicida", diria eu -- "rema contra a maré" das tendências comuns, do discurso costumeiro de que o texto precisa SER INÉDITO. Ora, bolas, então os jurados escolhidos "não seriam confiáveis" (?!) e julgariam cada texto a partir do Autor... é o que se depreende da exigência ! Isso implica em "guardar na gaveta" determinada obra por quase 1 ANO, a) primeiro aguardando o período das inscrições e b) depois, à espera do resultado. Se não fôr classificado, perdeu tempo inutilmente e leitores também. Escrevo para ser publicado e não perco tempo para divulgar as "marolas" que produzo.

Na escola dos anos 60 ainda peguei a época das canetas de pena metálica, que viravam "dardos" depois das aulas, alvo circular de papelão colado à madeira das paredes da sala de aula. "Aquilo" era um suplício: escrever com elasem pleno inverno catarinense de 4 ou 5 graus pela manhã era um desafio que raros conseguiam vencer, o mata-borrão rosa tingindo-se do excesso de tinta da marca SuperKink. Reis e nobres talvez tivessem "pena de ouro", porém tudo começou com pena de ganso mesmo, quem sabe bambu.

Este concurso inova até no valor dos prêmios -- um absurdo, a meu ver -- e vai além... permite participação com manuscritos, nostalgia (?!) inadmissível em qualquer lugar, mesmo nos mais recônditos da Ásia ou África, em países de Língua Portuguesa. Quero crer que os organizadores "transporão" os "garranchos" lheios para uma folha decente, em Arial ou Time. Duvido que obrigarão juízes a "interpretar hieróglifos" de um ou outro.

As novidades não param por aí: liberdade para escrever usando "termos estrangeiros", para participar com a Gramática que aprendeu -- em Angola, Macao, Quixeramobim ou São Paulo -- e a permissão para inscrever vários textos, o ápice das invações.

Temo pela vida do Concurso, divulgá-lo apenas nas Redes Sociais é muito pouco, seria preciso anunciá-lo em jornais do país inteiro e em revistas nacionais de peso, inclusive as convencionais, como VEJA, ISTOÉ e ÉPOCA... o Tempo não pára e faltam só 10 dias !

Se possível "pedir socorro" ao Governo Federal, que parece DETESTAR Educação... e Cultura e... Saúde e... perguntas e, pelo que me consta, GOVERNAR nosso país.

Tomara mesmo que o "Prémio PENA DE OURO de Literatura" sobreviva a esse primeiro "round" num país QUE NÃO LÊ, recusa livros e abomina escritores, jornalistas, atores, cantores... enfim, TODOS os que têm NA PALAVRA sua forma de lutar !

"NATO" AZEVEDO (em 30/set. 2020, 4 hs)