Eu, rico
Muitos certamente já se imaginaram ricos, milionários – mais que isso, bilionários.
Eu também.
Pensei, como eu seria sendo um dos mais ricos do Brasil? O 16° com maior fortuna, por exemplo.
Ouvi falar que dinheiro não significa felicidade. Dinheiro, sim, nos dá comodidade – essa a melhor definição.
Comodidade é morar numa mansão, numa cobertura – coisas assim. Ter à disposição alguns serviçais, prestadores de serviço.
A cozinheira, me preparar boa comida. A lavadeira – para cuidar de meu vestuário, as roupas.
Faxineiras, motorista particular.
Não saberia dizer como eu ficaria (com tanta grana). Não sei.
Esqueceria os velhos amigos? Poderia esquecê-los. Digo, não teria tanto tempo para eles.
Quando um deles viesse me visitar, matutaria: Esse meu amigo, de velhos tempos, tempos de moleque de rua, das peladas, das brigas, das farras – ele está aí, à minha porta, deve querer alguma coisa, dinheiro emprestado, por aí.....
Diria ao segurança, olha, fulano, despacha essa pessoa, diz a ela, “ele não está, viajou, volte daqui a duas semanas”.
Rico não gosta de ninguém à sua porta - isso o incomoda, e muito.
Na verdade morar em mansão é uma maneira de constranger os conhecidos, os mais humildes. Afastá-los, tirá-los de rota.
Verdade, ficamos constrangidos, meio pra baixo (literalmente falando) nos relacionamentos com os ricaços. Eu fico.
Bem, com tanta grana no bolso (no banco, claro), viajaria – iria visitar um monte de lugares, aqui na “Pátria Amada”. E fora.
Não mais andaria de ônibus, nem a pé, nem de uber, de taxi, de trem, barco, nada disso.
Faria manobras para não pagar impostos, como fazem os bilionários daqui – creio que do mundo todo. Quem paga imposto no Brasil são os menos ricos. E os pobres.
Não dá mais para ter um harém de mulheres, como teve Salomão, rei de Israel. Este cidadão – sortudo – teve nada menos que 700 mulheres e 300 concubinas. Beleza pura...
Não tem por que reclamar da vida.
Eu, neste tempo de agora, poderia ter algumas mulheres, com o poder do dinheiro. Não sei quantas, quem sabe umas 20, 40, 200.....
Bem, a vida que levo – esta me faz bem, muito bem. Sinto-me feliz, tenho o que preciso.
Ter o que se precisa é o correto, é o recomendado pelos sábios. Ter alimento, moradia, renda, dignidade, paz, harmonia.
E Deus.
Voltando a Salomão – ele escreveu, mesmo com tanta riqueza: “Eis que tudo é vaidade e correr atrás do vento”.
A tentação de acumular bens, dinheiro, poder, faz parte do projeto de muitos, mundo afora. Devo eu estar nesse time.
Só que, quando a gente chega lá, fica rico, bilionário – seremos os mesmos.
Os mesmos mortais, só que vaidosos, querendo ser “deuses”.
Nada disso. Somos isso, passageiros. Como Salomão – e tantos outros.