Lições  com  bambu - BVIW

Nem todas as lembranças da minha tenra idade merecem ser contadas. Há algumas tristes que não compensam  rememorá-las, e outras tão toscas que melhor ignorá-las. Contudo, os filmes não são só dramas ou terror.

Eu tenho aprendizados valiosos em minha memória afetiva, que vale a pena compartilhar. Ainda hoje quando olho para um pau de bambu, vem nitidamente em minha lembrança; os melhores momentos da minha infância.

Quando ao crepúsculo, meu saudoso pai depois que chegava da roça; brincava conosco. Ele pegava um pau de bambu e colocava - o  em uma cerca; inicialmente encostado no chão. Ele era o primeiro a pular. Todos saltávamos o bambu, até meu irmão caçula.

Depois ele ia alteando o bambu gradativamente, e mais uma rodada, e mais outra, e outras. Ocorre que à medida que subia o “nível”, os meus irmãos menores não conseguiam saltar do outro lado do bambu. Era uma queda ou um breque no ponto do salto.

Era o momento da “não aceitação de seu limite”. " Vou tentar novamente". Eu a mais velha, me destacava. Quase chegava ao nível de meu pai. Era uma brincadeira, ou melhor, um treino e nós podíamos acompanhar a superação dos nossos  próprios  limites e observar o desempenho uns dos outros. 

Papai dizia: “Hoje você só conseguiu até aqui, mas amanhã conseguirá mais alto”. Ele estava certo! Eu aprendi muito com aquela experiência e até hoje,  considero válida, vez que pode ser aplicada praticamente em todas as áreas de nossas vidas.