Perdi minha mãe no dia 24 de Dezembro de 1998, véspera de Natal. E estando aqui tão longe, não pude nem vê-la pela última vez.
Uma das lembranças mais lindas que tenho dela foi em um Natal há muitos anos passados quando eu tinha 21 anos. Fazíamos em casa o "Amigo Secreto" e minha mãe nunca conseguiu manter segredo de seu amigo/a; sempre pedia minha ajuda para escolher o presente. Naquele Natal ela não me pediu para ajudá-la na escolha, e eu intuí que eu era sua amiga secreta. No dia 24 a noite fazíamos a revelação depois da nossa  ceia. Todos iam para a sala, e os presentes ficavam todos amontoados perto da árvore de natal. E, naquela noite minha mãe com sua meiguice e delicadeza, dirigiu-se para a árvore com seus passinhos tão suaves, pegou um pacotinho e me entregou. Eu, em meu íntimo, já sabia que eu era sua amiga secreta; no entanto, a surpresa estava alí, naquele pequeno embrulho cor-de-rosa,  o que viria a me deixar tremendamente emocionada:  há meses atrás, um dia saindo com ela para comprar novelos de lã para fazer  seus casaquinhos de tricô, vi essa boneca na loja e falei:  "Mãe, olha que mimo essa bonequinha!". E, quando ela sorteou meu nome, voltou na mesma loja  para comprá-la, e  era a última do estoque.  Acho que tinha mesmo  que ser minha!
Quando nos mudamos para os EUA  essa bonequinha veio comigo no avião e não com a  mudan
ça  porque eu jamais queria perdê-la. Hoje ela fica em cima da cômoda do meu quarto. 


A beleza suave de minha mãe 

Tema: mem
ória afetiva
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 29/09/2020
Código do texto: T7075227
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