Depois de oito anos o relógio resolveu parar. Era uma relíquia fixada à parede e guardada por gerações. Lembro-me, quando ainda criança, de esperar o cuco sair de sua casinha, a cada hora, como se fosse um espetáculo.
As recordações vieram feito vento de outono permear os sentidos que se viram nivelados em emoções do passado, como se a máquina do tempo fosse concreta. O cheiro do café moido e socado no pilão, bem na varanda, circundada de crianças curiosas que se revezavam no ofício, enquanto a outra linhagem, a dos artistas, fazia em papel rascunho, desenhos de rostos que receberiam como cabelugem, os grãos não selecionados para consumo. Nunca tive habilidade com as mãos, aliás, cresci com a ideia de que era a única que não possuia dons para o artesananto, ao passo que minha irmã mais velha, tinha nos dedos a grandeza esmerada.
O fim da tarde era coroado com um café e um bolinho de chuva, feito pelas mãos de uma fada da árvore genealógica paterna: a vozinha do vestido florido com cinto de pano, o sapatinho de solado fino e a trancinha delicada, num longo cabelo. Nunca comi bolinho igual, eram esferas minúsculas em 3D, sem nenhuma imperfeição, passados no açúcar com canela e servidos em tabuleiros.
A viagem ao TÚNEL DO TEMPO termina com o relógio na mão, num antiquário, à procura de uma peça que daria ao cuco mais vôos, mas pela precariedade, será item de decoração. No armário dos sentidos cabem lembranças vistas a olho nu, torneadas da saudade, que se assenta em nós, nos moldes de infância.
As recordações vieram feito vento de outono permear os sentidos que se viram nivelados em emoções do passado, como se a máquina do tempo fosse concreta. O cheiro do café moido e socado no pilão, bem na varanda, circundada de crianças curiosas que se revezavam no ofício, enquanto a outra linhagem, a dos artistas, fazia em papel rascunho, desenhos de rostos que receberiam como cabelugem, os grãos não selecionados para consumo. Nunca tive habilidade com as mãos, aliás, cresci com a ideia de que era a única que não possuia dons para o artesananto, ao passo que minha irmã mais velha, tinha nos dedos a grandeza esmerada.
O fim da tarde era coroado com um café e um bolinho de chuva, feito pelas mãos de uma fada da árvore genealógica paterna: a vozinha do vestido florido com cinto de pano, o sapatinho de solado fino e a trancinha delicada, num longo cabelo. Nunca comi bolinho igual, eram esferas minúsculas em 3D, sem nenhuma imperfeição, passados no açúcar com canela e servidos em tabuleiros.
A viagem ao TÚNEL DO TEMPO termina com o relógio na mão, num antiquário, à procura de uma peça que daria ao cuco mais vôos, mas pela precariedade, será item de decoração. No armário dos sentidos cabem lembranças vistas a olho nu, torneadas da saudade, que se assenta em nós, nos moldes de infância.