Humanos demais
É cada vez maior a ação dos humanos na destruição do planeta. Os alarmes soam. A destruição das florestas. A elevações das temperaturas e dos níveis dos oceanos. Os descongelamentos das geleiras. A veloz extinção de espécies. A sexta extinção em massa já está em curso. Os humanos de protagonistas serão também vítimas.
Na destruição do nosso único habitat ainda há uma certa negação de se colocar o aumento populacional como uma variável. Existe a crença de que as novas tecnologias ajudarão a tornar os recursos do planeta infindáveis. Esse otimismo com a tecnologia é extremamente perigoso. A Covid-19 foi um bom aviso.
Com a destruição das suas moradas, os animais estão se aproximando das nossas selvas de concreto. Enquanto os prejudicados eram somente eles, esse contato cada vez mais próximo nunca despertou grande preocupação. Agora as vítimas foram os humanos. Com a pandemia fizemos uma descoberta. Para desaparecer do planeta nem é necessária uma era do gelo. O impacto de um asteroide. Basta um vírus invisível.
Um pouco de ficção. Qual das tecnologias que temos seria capaz de salvar os humanos se um vírus infectasse os nossos já escassos recursos hídricos. Que infectasse as plantações mundiais de alimentos já envenenadas por agrotóxicos. É bom lembrar. Pandemias parecidas com a Covid-19 foram o enredo de ficção de muitos livros.
No mundo científico o assunto já é discutido há algumas décadas. Para as gerações atuais permanece um tabu. É outra das más heranças que deixaremos para as futuras gerações resolverem. Vivendo um planeta agonizante, para ganhar um tempo a mais num lugar moribundo elas se obrigarão desarmar a bomba populacional.
Esse é o título do livro escrito pelo professor americano Paul R. Ehrlich. Em 1968, o livro de Ehrlich já alertava para a necessidade de um controle populacional global. Acusado de errar nas suas previsões, numa entrevista em 2011 sustentou sua tese dizendo: “Fui otimista”. No ano da entrevista o planeta chegou a 7 bilhões de humanos. O dobro de quando o livro foi publicado. Dobrou em quatro décadas.
Quem também tentou quebrar o tabu causando polêmica nos anos sessenta ao tocar no assunto foi o famoso documentarista oceanógrafo Jacques Cousteau. Aquele que navegava a bordo do navio Calypso. Há mais de 200 anos o reverendo Thomas Robert Malthus escrevia sua tese. A população crescia em proporção geométrica. Os meios de subsistência em proporção aritmética. Portanto haveria fome. Há fome. Haverá mais.
O planeta estará suportando 11 bilhões de humanos em 2100. Não restará outra opção para a crença, a moral e a ética que conhecemos atualmente. A criação do protocolo de quem nascerá e de quem morrerá será necessária para a sobrevivência dos humanos no planeta Terra. Possivelmente uma inteligência artificial fará as escolhas.