Morremos ainda que vivos* (27/09/2020)

O mundo superou, hoje (27), a marca de um milhão de mortes por covid-19. Fazendo uma retrospectiva mórbida: em 9 de janeiro de 2020, tivemos o primeiro caso; no dia 22, eram 10 (dez); em 27 daquele mês, o número subia para 100 (cem); nos dez primeiros dias de fevereiro, já estávamos com 1.000 (mil) notificações; no dia 20 de março, atingíamos a marca de 10.000 (dez mil) mortes; em 10 de abril, eram 100.000 (cem mil); e, em 27 de setembro, 1.000.000 (hum milhão) de vidas ceifadas pelo Sars-CoV-2.

A cada caso uma nova descoberta, mas de padrão diferente – “Morrem mais pessoas idosas”, embora morressem jovens também. “Quem tem alguma comorbidade é mais suscetível à doença”, mas quem não apresentava nenhum problema de saúde, morria também... - E foram-se muitos: Morreram amigos, parentes, médicos da linha de frente, políticos, atletas... - Morreram alguns de nossos maiores ídolos... - Morreram pobres e morreram ricos. Morreram pais, mães, filhos... - E avós. Morreram alguns conhecidos e quem não conhecíamos... - E morremos nós!

Morremos pela inoperância, pela ignorância, pela displicência, pela negligência... - Morremos ainda que vivos. Morremos porque queríamos trabalhar, porque queríamos comprar, porque queríamos viajar, porque queríamos dançar, porque queríamos ver shows na TV do vizinho tomando uma taça de vinho... - Morremos na ilusão de sermos super-heróis saídos dos quadrinhos, e que imunes a esse inimigo invisível, iríamos derrotá-lo com a visão raio x e um soco poderoso...

– Isso! Morremos ainda que vivos.

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 27/09/2020
Reeditado em 28/09/2020
Código do texto: T7074009
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