Distância
Deixei a nossa casa fechada, ela estava grande demais para os dias de quarentena, mas deu certo tudo, o cansaço é natural, trouxe os anseios para um lugar seguro, a velha estação ficou no seu lugar distante, os próximos viajantes se não planejaram a sua viagem, que a sorte lhes traga a realização longe da desilusão porque a vida é pegar ou largar, lamento por aquele que dormiu e ficou para trás na estação, terá que refazer a sua trajetória, pode talvez regressar para dentro de si mesmo e reagir abrindo os olhos para o seu existir antes de se perder na vastidão do mundo. Sento-me à janela, por dentro, coisas pessoais, e objetos necessários, cortinas, para alongar o sono quando amanhece e não quero acordar cedo, espelho onde se reflete o fim do dia, através dele; O pôr do sol, posso ver, também o dia e ou a noite chegar. Tudo, e muita saudade. Pelo lado de fora, vejo somente outros edifícios, e ruas que nem sei onde vão chegar. Também uma árvore com borboletas pela manhã e sempre os passarinhos, que fico em minha rotina à observar.
A minha saudade sim, é o que de mais existe, e o rosto dele, que está em todo lugar. Acabo de receber uma foto dele por inteiro, tirou a sua máscara para sorrir e me enviar, disse que também não me esquece _ Mamãe eu te amo muito, não fique triste, quando passar a quarentena eu vou lhe visitar, mas sei que é só para me acalmar, afinal está trabalhando e tão cedo não terá férias, mesmo assim quer me consolar. Tem certos momentos em sua vida, que por mais que tudo aparente estar bem, você sente uma melancolia inexplicável, seria mesmo inexplicável? Tem saudade que por enquanto não tem como remediar. É o abraço dele, apertado que não posso dar, é o olhar dele dentro do meu olhar, e na leitura, uma mãe conhece quando se o filho está feliz ou fingindo estar. Um filho que mora distante, é algo que para mim, não dá para acostumar. O importante é que ele esteja com saúde, e feliz, que Deus venha sempre à lhe abençoar.