TRISTE REALIDADE.
Não era essa a crônica que eu preparei para este domingo, mas, devido aos últimos acontecimentos que enlaça a vida desde singelo cronista, achei melhor abordar o assunto com um pouco mais de profundidade.
" Um criado mudo, uma jarra de água, garrafa de café, copos descartáveis, livros em um canto da cama, isolamento total de outras pessoas". Realidade essa conhecida de inúmeras pessoas diagnosticadas com a COVID-19, agora, passa a ser a minha realidade também. Estou com todos os sintomas da doença, fiz exames específicos e estou aguardando o resultado em isolamento total.
A COVID-19 é uma nefasta realidade de nossos dias, presente desde o início do ano, vírus que teve seu início na China e rapidamente migrou para o mundo todo, ceifando milhares de vidas até o presente momento - infelizmente fará outras mais. Ainda não encontramos uma vacina que seja oficializada pela Organização Mundial da Saúde, o que temos são expectativas de vacinas em testes, algumas bem promissoras. Os números da doença no Brasil são desanimadores, embora, pareça que tais números não fazem a menor importância para a gritante maioria dos brasileiros, lotando praias, espaços públicos e principalmente mercados.
Em diversas das minhas crônicas anteriores, ou, para não dizer em quase todas, abordei o assunto, de diversas maneiras, sempre relatando situações, esclarecendo algumas dúvidas, enfim, não faltava assunto, e nem vai faltar até findar o ano, acontece que agora eu virei o assunto principal. O que eu não imaginava é que eu faria parte da estatística de suspeitos, podendo migrar para a lista de confirmados com o vírus, triste realidade que me cerca.
Tudo começou no início dessa semana, lá por domingo passado, silenciosamente eu diria, de fato, jamais imaginei que a coisa fosse tomar essas proporções, mesmo porque julguei estar, devido ao meu excesso de cuidado, de certo modo imune. Como eu trabalho em um grande supermercado de intensa movimentação, eu tomava todos os cuidados recomendados pelo ministério da saúde; uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento social - na medida do possível. Ao chegar do trabalho sempre borrifando uma solução de lisoforme na minha bolsa, sapatos, calça, ia direto para o banho, colocava as roupas separadamente para lavar, somente depois do banho é que ia ver, abraçar e beijar esposa e filha. Todo esse cuidado não foi o suficiente, passei a pensar onde errei.
No meio dessa semana para cá, os sintomas pioraram consideravelmente, dor no peito, dor de cabeça, diarreia, e, a temida falta de ar, que começou leve, vindo a piorar muito na sexta-feira, assim como a febre alta. No sábado de manhã os sintomas tomam proporções alarmantes, o que me fez correr para o médico. Uma vez no médico, fui muito bem e rapidamente atendido, tomei medicamentos, fiz exames específicos, comprei os medicamentos recomendados.
No retorno para casa martelava em minha cabeça a pergunta: Onde errei? Questionando-me como eu havia me tornado uma possível vítima desse maléfico vírus. Passando e repassando meus dias, rotinas e ações, uma possível falha veio a mente - não exatamente minha. No refeitório do mercado onde trabalho, grande por sinal, é o único local onde ficamos sem máscaras, por uma hora e cinquenta minutos, tempo de intervalo de nossa refeição, o local está sempre lotado. Mesas de bilhar, puff para descanso, enfim, é único local que me ocorre. Faz muito tempo que não ando de ônibus, descartei a possibilidade de pronto. Se existe outra falha, não sei qual, todavia, agora é aguardar o resultado do exame em isolamento.
Aos amigos leitores, recomendo todos os cuidados possíveis e impossíveis, essa doença é perigosa, silenciosa e mortal.