O que realmente interessava

Isso que vou narrar é algo bem antigo mesmo, basta dizer que não foi nem no atual milênio.

Um belo dia dirigi-me a uma agência do Banerj, pretendendo abrir uma conta. Tinham me aconselhado a ir lá porque, sendo do governo estadual, era um banco popular e as condições deviam ser boas.

A decepção me aguardava.

O Banerj, como vocês sabem, não existe mais. Naquela época não víamos sinais disso ainda.

Fui atendido por um funcionário que se pôs a explicar o que é que eu deveria fazer para me tornar correntista da instituição. E foi logo dizendo que o depósito inicial era de 500 cruzeiros, ou cruzados, já não lembro a moeda da época, mas não era o real. Esse valor, para a época, era uma "paulada na moleira" conforme uma giria popular naquele tempo. Havia outros quesitos a atender mas nesse ponto eu interrompi mais ou menos com essas palavras:

- Meu amigo, não é bem isso que eu quero. Eu não estou perguntando o que é que o banco exige para a abertura da conta. O que eu quero saber é o que é que o banco me oferece.

Foi uma ducha de água fria naquele cidadão: "O senhor não veio abrir a conta"?

Não, eu não tinha vindo decidido a abrir, tinha vindo me informar. Querendo me segurar ele disse que talvez pudesse baixar o valor para 300, mas tinha de haver um depósito inicial. Ora, eu sabia disso, mas outros bancos não pediam depósitos iniciais tão vultosos.

O fato é que ele enrolou e acabou não dizendo o que é que o banco tinha a me oferecer.

E eu saí sem abrir a conta.