Estela chega ao banco para fazer alguns depósitos e pagar algumas contas, com quase nada de tempo para um lanche. O dia prometia um stress extra, afinal ela havia saído de casa com roupa muito leve para a temperatura que baixava sem parar.
Ela estaciona o carro um pouco longe, mas era o melhor para aquele momento. Fecha a porta do carro e percebe que o celular ficou no banco do passageiro. Abre a porta novamente e o celular cai no chão...bateria para um lado...celular para outro. Ela junta tudo na bolsa e pensa: "quando chegar ao banco cuido disto".
Dificilmente ela ia ao caixa, afinal são poucas as situações em que era preciso esse contato mais pessoal. Haviam somente três pessoas na fila dos caixas automáticos.
Foram apenas 10 minutos e tudo resolvido....quase tudo. Ela precisava tirar algumas cópias de.....como vou explicar....mapas numerológicos....trata-se de uma folha com um monte de quadros e um losango enorme todo subdividido.
Um rapaz muito solícito, de mais ou menos 16 anos, usando um colete laranja com o nome do banco, olha para ela diz:
-A senhora precisa de alguma coisa?" Ela acha aquilo conveniente para o momento, visto que ela não sabia se ali perto havia algum lugar para fazer as cópias e responde;
-Sim, você sabe se há algum lugar aqui perto para xerografar alguns papéis? "
- A senhora pode fazer isso aqui!!!
Estela se espanta e imagina que haveria algum tipo de business center, mas obviamente pago.
- Mas são muitas cópias!!!
Ele não espera nem ela terminar a frase e ele intervém.
- Não tem problema, a senhora é cliente, não é?
Ela toda sem jeito diz:
- Sou, mas são muitas cópias. Ele repete: Mas a senhora é cliente!!!
Ela fica observando e não acredita no que estava vendo. Uma cópia atrás da outra....frente e verso!!!!! A máquina consumia papel como cerveja no carnaval.
O vermelho de tanta vergonha começa a transparecer no rosto dela.
- Você tem certeza mesmo que não há problema, estou me sentindo mal com isso?
- Senhora, relaxa, fica tranquila eu já fiz isso antes!!!
Estela olha para a segurança, que observava tudo sem piscar os olhos, e tenta arrancar dela uma ajuda para aquela situação esquisita. Após dezenas de cópias ( frente e verso ), o papel acaba.
- Ufa, assim ele pára e posso ir embora. Pensou ela .
O ápice do evento, ocorre quando o garoto, sem o menor pudor, grita e pergunta para a gerente sentada 5 metros a frente;
- Fulana acabou o papel, você sabe onde tem mais? Estela tentava buscar um local para se refugiar, se esconder de tamanha vergonha.
Em um último esforço, ela pede ao rapaz;
- Olha, já é o suficiente. não preciso mais cópias.
Nesse momento chega uma outra funcionária do banco para fazer a cópia de uma identidade de um outro cliente. Ela vê aquele monte de folhas, com um desenhos esquisitos, com formas geométricas que não condiziam com nenhum documento do banco e olha para o rapaz.
Foram alguns segundos de total silêncio. Os três se olhavam e ninguém dizia nada. A funcionária encara o rapaz e diz:
- O que você está fazendo? O que são estas cópias. Quem é você!!!!!
Nesse momento entra na agência, um senhor apavorado, suando e olhando para todos os lados. Quando vê o garoto ele se alegra e corre na direção dele.
- Meu filho, que bom que você está aqui. Naquele momento grotesco, de total absurdo, todos se olham e ninguém tem coragem de perguntar que loucura era aquela. O homem pressentindo o que viria se adianta e explica;
- Desculpem, mas este é meu filho que tem um irmão gêmeo e que sempre imita coisas do irmão que trabalha aqui. Só que hoje o irmão dele amanheceu com febre e não pôde vir. O irmão vestiu a roupa normal e colocou o colete do banco para saber como era o trabalho do irmão...foi só uma brincadeira!!!
Estela não engole aquela história e pergunta a outra funcionária:
- Como você sabia que ele não trabalhava aqui? Como você reconheceu o outro irmão?
- Ela meio sem jeito diz:
- É que eu estava de férias e voltei hoje. Eu nunca o havia visto antes na agência.
Antes do rapaz ir embora com o pai, ele se a proxima e pergunta à ela: Você faria meu mapa numerológico?
Meio sem jeito ela diz:
- Tudo bem, mas de quem eu faço? A tua ou do teu irmão?