O que nos leva a ser como somos - bviw
Leves defeitos todos temos. Mas há os que nos incluem na lista dos cidadãos do mal: zombar por prazer, furtar com naturalidade, explorar da bondade alheia, invejar, humilhar mas jamais humilhar-se. Não acho difícil detectar as razões de tais vícios. Vêm da infância, se agravam na adolescência, e tardiamente é difícil consertar as omissões e erros que culminaram em adultos com desvios de personalidade.
No conjunto dos perfis psicológicos com os quais temos que conviver, existe um que desafia minha capacidade de compreensão: o louco ao volante. Seria tentativa de compensar a baixa auto-estima com um carro possante? Prazer em levar ao desespero os ocupantes do carro? Infinitas são as razões que levam um motorista a assumir tais condutas com potencial mortal.
O cúmulo da loucura, que me deixa tão louca quanto o louco do volante, é quando o vejo conduzindo crianças. Que vontade de xingar, seguir, interceder, deter! Anoto a placa; ligo pra polícia rodoviária; faço caras, bocas, gestos de indignação - mas nunca tive o prazer de ver um motorista, nessas condições, ser pego nas estradas.
Que gratificante seria vê-lo levar um esculacho coletivo, uma reprimenda formal capaz de transformá-lo em gente de bem, que trafega com segurança e respeito. O mais comum é o maluco safar-se são e salvo, pronto para continuar ameaçando a vida alheia e a própria.
E segue em versos expressivos e inteligente interação o querido amigo e nobre poeta Ansilgus:
“ O Brasil já virou fábrica
Dessa postura mortal
De gente sem ser estrábica
Que prefere ser do mal
E confiscando a carteira
De gente sem coração
Acaba essa brincadeira
De tão cruel emoção”
Obrigada, poeta! Grande abraço!