O monólogo da solidão
A campainha não tocou mais; os toques na porta, altas madrugadas, silenciaram; as últimas mensagens no celular viraram pastas de trabalho empoeiradas; o chocolate quente, bem feito aliás, esfriou com meu vago esquecimento. E da janela de casa só se vê frio e a fumaça do céu.
Aí...Aí... jovem moço, eu transito sozinho pela minha casa, perpassando alguns móveis e ambientes, tocando e curtindo um por um. Sento-me no sofá, ligo a televisão; muita barulheira, é melhor eu desligar, cansei da desgraça televisionada; pego um livro que está na estante da sala, um best-seller leio: "a garota beijou-o delicadamente com os lábios a dançarem..."; fecho o livro, é muito romance para uma pessoa só; sento-me na cadeira daquela mesa redonda que fica na sala (sabe?); convido-me para comer um prato apetitoso, por conta da casa... não e não! Eu não posso engordar mais, preciso... preciso... preciso fazer outra coisa já! Vou ao banheiro e resolvo tomar aquele banho escaldante, lavando a minha alma inteiro com o toque de minhas mãos; enxugo-me com vontade; vou ao meu quarto, sento-me na cama e decido-me me arrumar; Olho-me no espelho da penteadeira; pego os meus melhores produtos de beleza, desde desodorante, perfume (cheiro? Patchouli, um tendência), hidrante corporal sabor de morango; visto-me com uma camisa estampada em flores e uma calça jeans azul, rasgada no joelho e desfiada nas pontas. O toque perfeito. Só ficarei descalço, porque acho uma afronta colocar os sapatos para estar em casa.
Trim... Trim... A campainha tocou! Pomposo termino de me arrumar e vou em direção a porta de casa, animado, pois nunca se sabe quem eu estou a espera; abro a porta e... ué, não deveria ter alguém aqui, não?! Olho para o chão e noto uma carta endereçada a mim. Desconfiado do que seja, pego-a com muito cuidado, higienizo (lógico), abro delicadamente... o que havia naquela carta endereçada a minha pessoa...? Nada... apenas uma mera conta para pagar prestes a ser vencida. E assim volto eu para minha doce e solitária rotina.