VAI, BOBO, FURTAR MEXERICA...

Era um sábado à noite. Acho que em 1962, quando seminarista, em Itaúna, Minas Gerais.

A arquibancada da quadra de futebol de salão estava cheia. Luzes acesas. Torcida animada. Noite bonita. Na companhia dos seminaristas, os padres Adriano, Luiz, José, Francisco... Aproveitando-nos da situação, quando ninguém poderia nos ver, eu e um colega, cujo nome prefiro omitir, saímos de fininho e nos dirigimos ao muro que fazia divisa com o prédio do seminário. A ideia fora deste ‘humilde’ narrador. Qual? Furtar mexericas. Isso mesmo. Fazia alguns dias que eu estava namorando as deliciosas frutas do vizinho. Esperava uma oportunidade para cometer a travessura. Meu Deus! Seminarista ladrão!

Pois é. Conseguimos com certa dificuldade escalar o muro e lançar mão de algumas apetitosas mexericas. Claro que, em seguida, as saboreamos prazerosamente. Não escondo que estava com receio de que alguém pudesse ter visto a nossa traquinagem e nos denunciasse ao diretor, o padre Adriano. Seria um desastre.

Terminada a aventura, voltamos para a quadra. Sentamo-nos na arquibancada, meio preocupados, já que a consciência não estava tranquila. Afinal tínhamos feito algo errado. Lá pelas 22 horas, terminados os jogos e esvaziada a quadra, dirigimo-nos todos para a sala de estudos. Era o momento da costumeira oração da noite. Ajoelhados sobre as cadeiras, como de praxe, eis que, de repente, os colegas começaram a dizer: “Hum, que cheirinho de mexerica”. Foi aquele zum zum zum pela sala inteira. E agora. Que aperto! Quem estaria de posse da fruta ou teria chupado alguma? Fiquei caladinho. Olhei para o meu companheiro da traquinagem. O padre Adriano passou perto de mim. Parece que queria me perguntar alguma coisa. Achei até que estava torcendo o nariz. E agora? Pensei. Certamente estava sentindo o cheirinho da traiçoeira fruta. O Gil, que sempre comandava a oração da noite, deu início às preces. Aproveitei a oportunidade para pedir a Deus, naquele momento, que me perdoasse ‘pelo crime’ e não deixasse que o padre apurasse quem teria sido o responsável pelo acontecido.

Foi essa a história. Divido com meus leitores essa rápida narrativa, lembrando, conforme está no site: https://dicionario.priberam.org/mexerica:

me·xe·ri·ca

(derivação regressiva de mexericar)

substantivo feminino

1. [Brasil] [Botânica] O mesmo que tangerina.

2. [Brasil] [Botânica] O mesmo que tangerineira.

Palavras relacionadas:

mexericada, mexericar, mexeriquice, mexerico, mexeriquento, mexeriqueira, fuxico

me·xe·ri·car - Conjugar

verbo intransitivo

1. Fazer mexericos; intrigar.

verbo transitivo

2. Contar (com o fim de comprometer).

Palavras relacionadas:

mexericada, mexerica, inzonar, mexeriquice, onzenar, mexerico, enzonar

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A tangerina (Citrus reticulata), também conhecida como mexerica, laranja-mimosa, mandarina, fuxiqueira, poncã (ou ponkan), manjerica, laranja-cravo, mimosa e bergamota, é uma fruta cítrica de cor alaranjada e sabor adocicado. Parece ser uma antiga espécie selvagem, nativa da Ásia (Índia, China e países vizinhos de climas subtropical e tropical úmido).

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tangerina

O certo mesmo é não furtar. Principalmente se for mexerica.

LUIZ GONZAGA PEREIRA DE SOUZA
Enviado por LUIZ GONZAGA PEREIRA DE SOUZA em 21/09/2020
Reeditado em 10/04/2021
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