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19/09/2017

Enquanto a chuva cai, eu espero que talvez por um momento eu possa sair, e comprar o pão sem me molhar... E talvez esteja lá aquela figura linda... vinda do espaço sideral. Com sua nave pousada num lugar perto da rodoviária. Uma marciana de cabelos castanhos, pele bronzeada, óculos que são de puro charme. Magra, curvada nos quadris, carnuda nas nádegas. Sempre impaciente. A fim de provar o pão que o homem fez e cobrou... que Deus abençoou... e o Diabo amassou.

Ela nunca sorri. E não fala português nem língua alguma da Terra. Ela não se importa com nada, pois quando você é linda, têm certo "aval" pra não ser feliz e sorrir o tempo inteiro. E se você é uma mulher extraterrestre, não precisa aprender a ser simpática... ou chegar dando bom dia nos lugares.

O pão saindo do forno. Ela parada em minha frente, mexe freneticamente a perna, apressada, irritada. E enquanto a chuva cai eu espero tomar um refrigerante e escrever poemas sobre todas as mulheres que nunca conseguirão ser melhores que ela. Enquanto a chuva cai eu fico sonhando que ela me leve em sua nave. E me ame de algum jeito que só marcianas saibam amar... Daí – calmamente, serenamente - lhe diria que prefiro ficar sozinho, escrevendo, ouvindo João Gilberto em minha casa... e acabaria magoando o seu coraçãozinho de sangue verde com sabor de hortelã. Terminando por incluí-la em minha - bizarra - lista de corações rejeitados.