DE MADRI A BARCELONA

Acordamos cedo conforme combinado. O ônibus nos pegaria as sete horas da manhã no hotel e nos levaria à estação Puerta de Atocha para embarcarmos as dez horas no famoso trem bala espanhol (AVE) rumo a Barcelona. A minha ansiedade me forçara acordar cedo demais e as seis horas da manhã já estávamos fazendo o desjejum no salão de refeições do hotel em Madri. Minutos depois nossos colegas de viagem chegavam para compartilharem juntos o pequeno almoço. Nossas malas seguiram na noite anterior no ônibus que nos acompanhava, outro ônibus nos levaria a estação e deveria estar no horário combinado, sete horas da manhã. O motorista por desconhecimento talvez, atrasou-se para nos pegar chegando apenas as oito horas. Fora um verdadeiro transtorno, pois as oito horas quando saímos do hotel, o trânsito estava infernal. A perda do horário do trem já era esperada por todos, porém sonhávamos com aquele jeitinho brasileiro de transferir as passagens (32 pessoas) para a próxima partida.

Nossa agente de viagem juntamente com nosso guia português se encarregara de mediar uma possível transferência de horário, afinal nossas malas à essa altura já deveriam estar no saguão do hotel em Barcelona nos esperando saudosas de nossa companhia. Nós brasileiros devemos aprender que aquele jeitinho de arranjar as coisas só valem em solo tupiniquim e nada mais. Na Europa não existe, pelo menos conosco, esta possibilidade fora zero. Criou-se um tumulto sem precedentes. alguns colegas gritando, outros chorando, inclusive uma colega que fizera discurso como se fora talvez uma candidata a qualquer coisa, menos a resolver aquele imbróglio que surgira diante de um atraso de ônibus, fruto da irresponsabilidade de quem assumira de nos pegar as sete horas defronte o hotel.

Não teve jeito. Nem a conversa com o administrador daquela empresa ferroviária fora o suficiente para convencê-los de uma possível troca de passagens. Pelo contrário, a paciência deles se esgotara rapidamente, colocando para o grupo de que a única forma de continuarmos a viagem seria cada um comprar a sua passagem. Fora a gota d’água. O grupo entrara em polvorosa, com raras exceções. Eu, minha companheira e outros mais conscientes, ficamos de lado aguardando o desenrolar daquela novela por um final feliz. Naquele dia era feriado em Lisboa. Como a empresa que nos vendera o pacote situava-se naquela cidade, para continuarmos a viagem, cada um fora obrigado a comprar sua passagem diante de um compromisso da empresa responsável pelo pacote de nos ressarcir na volta ao Brasil, junto à sua representante catarinense. Fora um delírio geral. Alguns colegas argumentaram não ter o valor para a compra da passagem, outros negava-se a pagar colocando a responsabilidade sobre os ombros do guia, que aos nossos olhos não tinha culpa nenhuma. Fizera o que estava ao seu alcance, porém nós brasileiros, tentando um jeitinho peculiar “tirar proveito” da situação. Entre choros, embates e dúvidas, nosso guia enfim, comprara além de sua passagem mais duas, pois duas pessoas foram irredutíveis, negando-se a comprar.

Imbróglio resolvido, seguimos viagem para Barcelona, nossa última parada. Cidade linda, cosmopolita. Visitamos La Pedrera, Casa Batlló, Igreja Sagrada Família (ainda em construção), Parque Güel, Museu Picasso, o famoso Bairro Gótico. Passeamos por Las Ramblas, Mercado de la Boqueria, Parque de la Ciutadella, Mercado Árabe e tantos outros lugares daquela magnífica cidade. Foram 13 dias em solo espanhol, onde visitamos além de Madri e Barcelona, Toledo, Sevilla, Granada, Córdoba, Mérida e Alcalá de Henares, cidade de Cervantes.

Quinze dias após nosso retorno ao Brasil, a empresa que nos vendeu o pacote reembolsou todas as 32 pessoas daquela fantástica viagem. Aprendemos de que, quando resolvemos fazer uma viagem por menor que seja é possível acontecer imprevistos e para isto devemos estar preparados e maduros para o inesperado. Importante também, conhecer a empresa do qual estamos comprando o pacote a fim de evitar futura dor de cabeça. A viagem foi linda, as companhias foram ótimas. Parabéns aos responsáveis que nos deram suporte, sempre preocupando conosco, fazendo o melhor possível para que a viagem fosse um sucesso. Parabéns a empresa pela agilidade de solução.

Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 16/09/20

valmir de sousa
Enviado por valmir de sousa em 20/09/2020
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