ENCUCADO COM A MÁSCARA...

– Qual a tua, cara?...

Prof. Antônio de Oliveira

O uso de máscara me deixa encucado. Não o seu caráter profilático. Mas o seu visual. Sua história. Sua cultura. Cobre o rosto. Mascara. Disfarça. Resguarda o rosto, na guerra e na esgrima. Na covid, de repente todo o mundo se disfarça como que se protegendo de um inimigo oculto, invisível. E como que a dizer, dando uma de antivírus: Eu não sou eu!

Ou sou eu? Entre os humanos, fugindo de duendes e se prevenindo de doentes, passa pelo uso obrigatório. Cara, crachá. Cara mascara... Conferido. Parece que, depois de certa idade, aquilo que fazíamos automaticamente passa a ter que ser feito com a consciência, em ato, do que estamos fazendo. Tudo tem que ser pensado, repensado...

Se não for assim, a gente vive impensadamente. Você já pensou em interpretar figuradamente esta frase, que se tornou palavra de ordem: “Tempos difíceis, só tire a máscara em situações de muita necessidade”?

Interessante. O verbo ticar é dicionarizado... Significa dar baixa em um determinado item, mediante sinal em forma de V, “v” de vitória. Não basta conferir. Tem que ticar... Cara crachá. Cara mascara... Para começar, cara pode ser substantivo masculino: Eu sou esse cara, esse cara sou eu, ele é o cara...

Detenho-me em algumas expressões: cara a cara, cara de lua cheia, cara de poucos amigos, cara de quem comeu e não gostou, cara de réu, cara de tacho, cara amarrada, com a cara no chão, dar de cara com, de cara cheia, de cara limpa, desmanchar a cara, enfiar a cara no mundo, com a cara e com a coragem, estar na cara, cara de pau, livrar a cara, meter a cara em, não livrar a cara de, passar na cara, quebrar a cara, um cara de duas caras, ser a cara de...

Os tempos mudam. Desmascarar já significou o cara tirar a máscara a si mesmo. Dar-se a conhecer tal qual é. Em tempos de coronavírus, em praça pública, só se for de máscara. De repente, e por decreto, nos tornamos todos uns mascarados Quem diria? E eu que queria dar as caras...