GRINDWALD, GRUYÈRE.

Iríamos enfrentar o sonho, subir o topo da Europa, mais importante ponto da Suíça: a subida ao chamado "Topo da Europa", o lugar mais alto do continente aonde se pode chegar de trem. O Jungfraubahn.

Isto por linhas convencionais que servem ao transporte de moradores que sem pedirem moram no sonho, como nos contos de Grimm, e chegaram aqui e pousaram lá por nascimento, montanhas suaves sob pés de montes nevados onde pastam vacas com sinos no no pescoço, local de onde instigam nossas papilas gustativas os famosos chocolates produzidos, montes cortados por pequenas estradinhas asfaltadas onde passam dois carros lado a lado sem folgas.

Quem dorme em Interlaken faz um passeio mais tranquilo. No tiro ia tentar ficar no céu, Grindwald, apanhava depois as malas descendo e subindo de carro. Era meu projeto. Estava no trem local de moradores, pequeno trem.

De Interlaken você decide se quer subir por Lauterbrunnen ou por Grindelwald, e se quiser subir por uma e descer pela outra, faz um círculo pela montanha aos pés do Eiger. O trenzinho vai deixando nos locais os privilegiados moradores em chalés espalhados na grama em aclives suaves. Vai parando nas singelas estações.

Mas minha meta era o céu, para mim, Vale de Grindel, que os japoneses queriam comprar toda. Gaiato né.

Em 20 minutinhos estamos no Kleine Scheidegg, no pé do Eiger, paredão assassino que desafia os alpinistas do mundo. Paramos, mesas enormes coletivas de madeira em frente a um restaurante para aguardar o novo embarque e penetrar na montanha e subir por dentro da rocha o Eiger. Engenharia inglesa incrível que conseguiu o feito. Comemos as famosas Frankfurt e tomei um “pichet” de vinho, pequena jarra, enquanto esperava o horário.

Sobe-se de cremalheira em bancos como escada tamanho o aclive. Espetacular. Pela altura, mais o vinho, fiquei meio mareado. Para no meio da montanha onde janelas de vidro fixas gigantes, 20 x 5, debruçam para as paredes de gelo.

O Kleine Scheidegg de onde saímos já está a 2.060m de altitude.

Para chegar a 3.500m de altitude, a solução foi construir 7,5 km de túneis por dentro do Eiger e do Mönsch.

A viagem desde Kleine Scheidegg leva uma hora, a maior parte dentro do túnel; na ida acontecem duas paradas para apreciar os montes nevados nesses mirantes, janelas fixas, envidraçadas. Em uma lateral vê-se uma grande porta de aço fechada, serve para socorrer alpinistas em dificuldade, o que é frequente. Somente no inverno ocorrem escaladas, no verão soltam-se blocos de gelo.

Quando o trenzinho sai do túnel, lá em cima, a 3.500m de altitude, você está em Jungfraujoch, o "pé do monte Jungfrau", um belíssimo platô descortinando picos do Jungfrau, do Eiger e do Mönsch, além de impressionantes geleiras alpinas.

Não conseguimos ficar em Grindwald, mas voltaríamos no ano seguinte, e voltamos e conseguimos, enquanto etacionei e catava um hotel, minha mulher conseguiu outro. É uma rua principal cortando os montes onde estão os hoteís, restaurantes, comércio, etc. E lá ficamos. Uma enciclopédia de alegrias e visões de um outro mundo.

Acabamos nossa estada, e fomos embora, saudoso de meus filhos, mas penoso por deixar o paraíso, mas lembrei de um amigo dizer “se passar em Gruyère, não perca o fondue de Gruyère”.´Era próximo. E tocamos para Gruyère, seguindo o mapa, não havia GPS. Hoje tudo é mais fácil.

Rodei e entrei errado para a Alemenha, mas minha mulher desceu e conseguiu o rumo, já estávamos na Alemanha, voltamos.

Rodando vejo, Lac de Gruyère, e disse, estamos certos e vi aquedutos romanos e um elevado com a indicação do Lago, subi o elevado e vi o lago. Parei para tirar umas fotos. E após as fotos vi à distância no gramado várias mesas com chapéu de sol como se estivessem almoçando. Vamos lá Thereza, e fomos. Paramos. Mesa vaga sentamos. Chega o garçon. Pedimos o fondue e claro, um pichet de vinho, afinal estava dirigindo e o pichet é uma jarrinha.

Olhei para trás e vi um enorme chalet. Perguntei ao garçon, é Hotel também, ele disse, sim. Tem vaga para ficar, sim, respondeu. E chamou o gerente. Imediatamete disse que a reserva estava feita. Que bom já posso tomar o vinho até onde queira, e colocar uma bermuda e ir passear na beira do lago. Foi o que fiz. Quarto confortável, limpíssimo e cheiroso, colchão de penas de ganso. Suiça... Pela noite jantamos delicadezas que não conhecia, carpacio de legumes, embutidos alemães, fantástica estada e jantar, e a preços módicos. Mas a Suiça, reputo, um dos países mais caros da Europa para turismo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 19/09/2020
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