INCOMPETÊNCIA GENERALIZADA

Eis que depois de comprar um desses aparelhos de televisão que fazem de tudo, até sintonizar canais abertos como aqueles modelos paquidérmicos dos anos 50/60, entrei em contato com a VIVO, que é nossa fornecedora, para que fosse instalado o sistema HDTV (High-Definition Television, para os metidos à besta).

Todos que, em algum momento tentou entrar em contato com uma dessas operadoras sabe a saga que é conseguir falar com um funcionário, digo, “representante” (na forma politicamente correta de falar) e tome ouvir musiquinhas e a voz empostada da gravação fazendo mil perguntas, mandando digitar vários números, fornecendo números de protocolos em cada uma das ligações, vez que jamais seremos atendidos na primeira tentativa e, a linha sempre cai quando a ligação está próxima dos vinte minutos de duração.

Finalmente, em sendo atendido pela funcionária, digo, representante, sou informado de que no CEP da minha rua não há disponibilidade de cabeamento para que se instale o serviço desejado e que, possivelmente, eu terei o meu HDTV instalado dentro de vinte dias, que eu desconfio que serão vinte, mais vinte, mais vinte.

Eu até entenderia essa indisponibilidade se eu morasse num “cu de judas”, um verdadeiro fim do mundo, longe de tudo e em região paupérrima, mas Santo André é município que faz parte da região metropolitana de São Paulo-Capital, vizinho da Baixada Santista onde estão instalados o maior porto marítimo da América do Sul, refinaria de petróleo, indústrias químicas e petroquímicas, dos municípios de São Bernardo do Campo e São Caetano onde se fabricam a maior parte dos veículos que exportamos e que rodam no Brasil, e é o Estado da Federação responsável por mais de 32% do PIB nacional, mas é também onde sobram corruptos, ladrões e incompetentes gestores públicos.

A coisa é de tal ordem que o rodoanel, rodovia com 177km de extensão, projetada para ligar todas as rodovias no entorno da capital, por onde trafegariam os grandes caminhões sem a necessidade de trafegar pelo centro, idealizada nos anos 70 quando Paulo Maluf foi governador do Estado, só começou a ser construído em l998 e até hoje, 22 anos depois, não está concluído e o ferro-anel, o seu irmãozinho por onde trafegarão os trens, ainda não saiu do papel.

Agora, enquanto espero que a VIVO tenha a capacidade técnica para fornecer a qualidade de imagem que quero, estou sendo “bombardeado” pelas outras operadoras que estão me oferecendo mundos e fundos para serem contratadas quando eu sei que nenhuma delas tem condição de fazer o atendimento que necessito. Esse assédio é porque, segundo me informou a funcionária da CLARO, ela recebeu da chefia um relatório com todos os meus dados e a recomendação de entrar em contato para oferecer os “produtos” que eles não têm.

Não há concorrência neste nicho de mercado totalmente dominado por apenas quatro concessionárias, campeãs absolutas no ranking de reclamações, mas que estão pouco se lixando para as necessidades da população, porque estão sob o manto protetor da corrupção e da inoperância dos órgãos fiscalizadores.

É evidente que existe conluio entre as operadoras e que o sigilo dos nossos dados pessoais não passa de mais uma falácia das garantias constitucionais.