BRUGES. UM LUGAR DE SONHO.

Gare de Lyon, Paris. Partida para Bruxelas, 10.22. Estamos aguardando, eu e minha mulher. É assim mesmo, incrível os trens na Europa, cronometragem intransponível. Pode marcar, encosta na plataforma, meia hora antes da partida, embarque e sai no horário aprazado. Não há possibilidade de erro. Nesse que embarquei Eurostar, anda velozmente, mas não como o TGV, que voa, trem de grande velocidade, “train grand vitesse”, e se o condutor acelera mais um pouco no percurso, fica como tartaruga para fazer o tempo certo de chegada, já aconteceu algumas vezes comigo.

Paisagens vão se desenrolando ao sabor de um “rouge” de Sait Emilion da Borgonha sobre a mesa com tira gosto. Muitos executivos com seus laptops se deslocando a trabalho, e trabalham.

Em duas horas estamos em Bruxelas, para fazer conexão com um dos mais belos lugares que já visitei, Bruges, a Veneza belga.

Desço com as malas, duas de mão, as maiores ficaram em nosso hotel em Paris. No enorme saguão, falo com Thereza que vou dar uma olhada fora da estação, saindo por suas gigantescas portas sem perdê-la de vista. Olho a enorme e famosa praça de Bruxelas, não ficaria ali, nada que interesse, cidade inclusive de convergência de tudo que não presta que nesse local se refugia. E pegamos o trem com o passe que autoriza várias viagens sem lugares marcados. Entramos e corremos as cabines, tudo ocupado. Consigo um lugar e chamo Thereza, para ocupar o lugar, um só. Dois assentos frontais com três lugares cada um. Coloco as malas no bagageiro e vou procurar lugar para mim em outra cabine.

Percorro o corredor abrindo as portas de correr e vejo um lugar e entro. Do lado uma japonesa, moça, em frente os pais dela e outra pessoa. O pai, baixo, tenta botar maleta no bagageiro, não consegue, me levanto e coloco. Mil gestos de agradecimento com curvatura do corpo; japoneses.

A moça ao meu lado agradecida puxa conversa e pergunta de onde sou, falo. Era informada sobre o Brasil e sua corrupção desde Collor. Falava bem francês e nos comunicamos bem. Estudava em Paris. Meu Francês ajudou, uma melange de vez em quando de francês com inglês. De repente abre espavorida a porta de correr minha mulher. Celso o agente quer os bilhetes, ele no rastro dela. Isso com ar de censura, ela diz, vc quer falar até com japoneses, rsss. Disse, eu me comunico, RSS.

Bruges, lugar mágico, diferenciado, maravilhoso, conhecemos toda Bruges de bicicletas, parques que soltam aos ventos componentes de algodão. Parece que estamos em mundo mágico, canais como Veneza que depois navegamos em embarcações de aluguel com narrativas guiadas. De bicicleta parávamos para comer, com “bière”, claro. País de maior rótulos de cerveja do mundo. E chegada uma omelete pedida, minha mulher disse, que é isso(?), por isso que os gourmets dizem que o insumo e sua qualidade são importantes. Nunca vi uma omelete assim, nem em Paris.

Em Bruges, bruxas, como de origem, está o conhecido “sangue de Cristo” em âmpola que ferve a cada ano em dia próprio. A Grand Place pela noite é de chorar com sua arquitetura barroco/clássica iluminada em suas altíssimas construções rodeando e fazendo nossos olhos ficarem extasiados, cidade quase deserta, de visitação mais diurna. Com passantes de pé em excursão de dia. Um lugar imperdível.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 18/09/2020
Código do texto: T7066350
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.