HISTORINHA
"- Vovô, vem contar historinha?!..." - chamou docemente minha neta
Isabela. O Victor, seu irmão de apenas dois anos, renitente em não falar
(garoto de pouca prosa), balançou a cabeça num sinal de apoio à irmã.
"- Era uma vez ...", principiei, observando os olhinhos da dupla, bri-
lhando e fixando-me atentamente, os dois deles, sendo que o menor
já buscava enroscar-se nas minhas pernas para curtir a história.
A mamãe Ana Claudia e o papai Décio tinham o hábito de lhes contar
histórias, compravam livros ilustrados e eles tomaram gosto pela coisa.
"Branca de Neve e os Sete Anões", "Simbad, o Marujo", "Joãozinho e Maria" por repetidas vezes, já lhes haviam sido contadas pelos seus atenciosos pais.
Então eu lhes contei a sua própria história, desde quando o Décio conhe-
ceu a minha princesa Ana Claudia, o começo do namoro, o noivado, o casamento e o nascimento de cada um deles, as suas primeiras traquinadas, enfim, um breve relato das suas vidinhas em flor.
E era infinitamente maravilhoso de se ver as suas carinhas sorridentes,
as expressões de pura alegria quando eu mencionava os seus nomes, os
personagens principais da narrativa, eles, os meus netos queridos. O mo-
mento era mágico, meu coração transbordava de felicidade e agradeci mentalmente a Deus por aquele instante. Foi quando a mamãe Ana Claudia e a Vovó Maria, lá da cozinha, chamaram avisando que o almoço estava pronto.
Meu estômago roncou, tirando-me daquele encantamento e trazendo-me de volta à realidade do cotidiano. Pespeguei um beijo carinhoso na face de cada um deles e os três, de mãos dadas, nos encaminhamos para
a mesa.
-o-o-o-o-o-
B.Hte., 17/09/20