Desabafo
Acordei lendo a notícia da morte do Lucas, mais uma vítima do câncer que vai embora. E isso me fez pensar o quanto a política suja, nefasta, fria e indiferente com seu povo prejudica uma nação. Vimos no Facebook pessoas se mobilizando, pedindo doações e se mobilizando para comprar um remédio de quantia vultuosa para ajudar no seu tratamento. Não deu tempo. E me pergunto porque tem que ser assim. Todos nós que trabalhamos, contribuímos com o SUS, independente se usamos ou não. Já ficou estigmatizado que o Sistema Único de Saúde é para os pobres, quem pode, paga convênio. E quando um pobre precisa de amparo, se o tratamento é caro, empurram com a barriga, o SUS não cobre e então condenam o coitado à sorte ou à morte. Por que não atender a todos de num sistema universal de humanidade? Somos um por todos e todos por um nesse sistema. Todos contribuímos, para ajudar aquele que precisa, independente do seu nível social, e claro, com mais atenção e eficiência para quem tem doença grave. Mas infelizmente, vemos diariamente as notícias dos desvios dos recursos públicos, de hospitais sendo roubados, de verbas sendo desviadas, contas superfaturadas solapando o sistema de saúde pública. E o povo como que enfeitiçado, tudo vê e não faz nada...
Vemos nossas estradas esburacadas, acidentes todos os dias pelo excesso de movimento e falta de manutenção. Vítimas fatais temos notícias todos os dias, estradas sem sinalização, sem acostamento, sem segurança nenhuma para quem tem que cortar esse país carregando cargas ou percorrendo destinos. E de repente, no meio do caminho, uma barreira de pedágio. E outra, e mais outra, e não sei quantas mais. E tem gente que acha correto ter que pagar empresa privada para cuidar do bem público, fazer o serviço que o governo é responsável por fazer. Lembram-se do IPVA? Pagamos o imposto para manter nossas estradas ao governo e o dinheiro some, então somos obrigados pagar pedágios se quisermos que alguém faça algo para melhorar nossas rodovias.
Assistimos impassíveis nossas matas sendo devastadas por queimadas, numa carnificina vegetal que sacrifica nossas matas e seus indefesos habitantes. Tudo por negligência ou pela cobiça desenfreada do homem que o governo acoberta com o seu descaso com as nossas reservas naturais, cumprindo vergonhosamente o compromisso com a bancada rural que cada vez mais quer aumentar as divisas de suas latifundiárias terras.
Disparam os preços nos supermercados. De repente os produtos que deviam abastecer o consumo interno são direcionados para exportação em virtude da alta do dólar e da falta de planejamento para manter o equilíbrio da balança comercial. Primeiro foi a carne, priorizada para abastecer e alimentar a população da China, deixou o brasileiro com o prato vazio, ele que se virasse com ovos ou que fosse. Carne virou sonho de consumo. E agora vemos outros produtos da cesta básica seguindo o mesmo rumo, deixando encabulados aqueles que ainda se achavam privilegiados em poder comer o arroz com feijão e agora nem isso. E ainda vemos escárnio, gente da alta cúpula do governo culpando a alta dos preços pelo fato da classe mais pobre estar comprando mais por ter aumentado o seu poder aquisitivo, depois de receber a mísera ajuda do governo nesse tempo de crise. Enriqueceram.
Eu não me revoltaria tanto em ver esse desiquilíbrio governamental se visse preocupação e disposição do governo para fazer alguma coisa. Mas a realidade nos mostra a sua indiferença todos os dias, sua total falta de compromisso e compaixão com a classe de baixa renda. Ao contrário, parece que querem esfregar em nossa cara o luxo de seus privilégios, adquirindo frotas de carro de luxo em tempos de crise, gastos milionários para bancar mordomias sem o mínimo de pudor. Como está ficando caro manter esse exército em alta para se manter no poder. E agora, calculadamente estudam um jeito de comprar o pobre pela boca. Sabem que no país da fome, uma cesta básica que chega ganha voto. Então vão preparar o terreno e aumentar a pobreza para distribuí-la na hora certa, porque mãos mendigas sempre irão se postar em agradecimento ao prato do dia, na hora que precisarem.