Heróis da resistência

Mudar a condição desafortunada do nascimento é loteria, contudo, o estudo ameniza às prestações da necessidade. O critério de desempate para conseguir a inserção no mercado de trabalho vem no cofre do conhecimento e, um QI influentemente social, é um fator decisivo.

Mas, para quem foi vítima da hipossuficiência alimentar, casa imprópria, bairro desestruturado, educação excludente e oportunidade zero, estudar é o milagre econômico. Toda expectativa órbita na pós-colação de grau; enfim, indivíduo producente. Essa perspectiva vai perdendo forças e sensação de impotência, quando o mundo empresarial mostra a sua face oculta.

E neste sentido, toda relação social é espelho; você não é ninguém na fila do pão. Você vale o que tem no bolso. Nesse paradoxo, o indivíduo, finalmente, cai sem paraquedas numa realidade devoradora de sonhos. Lutou tanto por uma identidade, e agora como um ser referencial, encontra-se perdido no labirinto da desinformação.

Só que desistir é ponto final; pra quem nasceu levando tapa, os percalços são as vírgulas da gramática. Nada pode deter uma genética que nasceu para guerrear, e suportar é o hino da superação. A jornada de um guerreiro não é nas estrelas, nem é um mar de paraíso; é um caminhar solitário pelo vale do silêncio.

Sem ajuda dos magos, das fadas, das bruxas, dos santos, ou de qualquer amuleto da sorte, ele conta com o espírito da mudança. Fazer a diferença, às vezes, é ter uma atitude reacionária. Em berço esplêndido, descansa os heróis figurativos e os filhos putativos. Os filhos fortes que não fogem à luta, são os que protegem à bandeira e morrem no anonimato.

Jaciara Dias
Enviado por Jaciara Dias em 16/09/2020
Reeditado em 16/09/2020
Código do texto: T7064384
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