DE PRINCESA A RAINHA
De princesa a rainha
Aniversário de criança! Uma delícia! Um sonho realizado para fortalecer a frágil rede de sustentação da vida adulta. Mesas coloridas, cheias de doces de encher os olhos! Alguns se contentavam apenas com isso, encher apenas os olhos e dizerem com sorriso azedo, tentando parecer doce, ao serem servidos os quitutes:
- Obrigada, estou de dieta!
E terminam levando o amargo na boca para casa, em nome da saúde ou da barriga sequinha.
Outros, porém, enchiam os olhos, boca , barriga, bolsos e a bolsa também! OU bolsa, bolso, barriga, boca , ah,... não importa a ordem. A TATÀ dizia:
_Esses são para o TETÉ , se acha velho para festa de criança, mas adora casadinhos , mas deteste olho- de – sogra.
- Esses aqui são para o TITI, ficou em casa, vai fazer prova amanhã. Adora brigadeiro!
-Esses são para o TOTÓ, ou cachorro pra gostar de Chocolate!!!
-Esses são para o TUTU , lá em casa até o papagaio gosta de doce.!
E saiu limpando tudo. Enquanto isso, as crianças brincavam. A menina sapateava,dançava feito princesa, com seus sapatinhos transparentes , para que a sua bondade pudesse ser vista pelos pés. Eles eram de borracha, uma simbologia para enfrentar as montanhas rochosas, caminhos ásperos, outros deslizantes , durante a saga da construção de sua própria história. Os meninos sacavam suas espadas para se defenderem a si e ao seu povo do opressor, como um verdadeiro líder nas trincheiras e nos vales sombrios. Às vezes, alguma ou outra criança trocava os papéis e as responsabilidades , mas todos aprendiam que os pés jamais devem pisar os outros em situação de vantagem. É uma das lições que partem dos contos infantis para a vida adulta. E assim seguiam seus sonhos pueris dentro daquele ambiente mágico . Pow....!!! tchuuummm....!!!! bailarinas rodopiantes ,plim...plim...!!! Pega-pega, esconde-esconda, puxa-puxa, , corre-corre, Isso era no início, pois que no final da festa ,todos voltavam para casa, cansados, fantasias pregadas de suor, agora iam sonhar , dormindo o sono dos inocentes, em treinamento onírico para a realidade.
Ficou somente a boneca anfitriã, de isopor, solitária e ainda mais sem cabeça, diferente daquela que estava a receber os convidados na entrada, toda cordial e sorridente, simulando dizer : “ boa tarde , eu sou a cinderela. Sejam bem -vindos.”
Nem foi mais possível se despedir, pois no meio das brincadeiras, por causa das crianças, não por quererem , mas sim por não terem ainda a sua coordenação amadurecida, ela perdeu a cabeça e passou de princesa para rainha Antonieta. Mas como diz Fernando Pessoa, o poeta em seu “Mar Portuguez”, “ Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena.” Claraliz Almadova.