INDAGAÇÕES, CONTRADIÇÕES E LEMBRANÇAS.
Nunca foi a minha preferência visitar lojas de roupas, mas não deixei de fazer meio a contragosto, por inúmeras vezes. Sempre que podia eu embrenhava nas lojas de ferramentas ou nessas de um milhão e uma coisas, mais para sondar as novidades.
Essa enorme gama de bugigangas que existe nessas lojas me faziam perguntar; tem consumidor pra tudo isso? É uma doidice a quantidade de coisas pra se vender. Além dessa pergunta sempre vi uma contradição: parece que as pessoas em geral, estão deixando de fazer as suas próprias coisas, preferem comprar prontas ou prontos. Pede um marmitex, pede uma pizza, pede-se sabe-lá mais o quê.
Tenho visto famílias tomar o café da manhã e da tarde em padarias, almoçar rotineiramente em restaurantes, então qual o sentido de se comprar uma máquina de fazer macarrão, ou um cilindro de abrir massas, etc.? tem tudo isso e muito mais á venda nessas lojas as quais falei.
Nessas andanças, um dia na Galeria Pajé, em São Paulo, parado em frente de uma montoeira de relógios baratos, lembrei do primeiro relógio que comprei, no tempo em que essas coisas eram raras; estávamos eu e um primo andando nos gramados próximo ao clube Spéria, na marginal do Tietê, naquele tempo o Parque Anhembi estava em construção. Do metrô, da primeira linha norte/sul, via-se apenas as pilastras ao longo da Av. Cruzeiro do Sul; nas proximidades do Campo de Marte, não existiam, nem na imaginação, as grandes avenidas que existem hoje; paramos perto de um tobogam, estava na moda, não havia ninguém por ali. Surgiu não sei de onde, um menino idade parecida com a minha e me perguntou se eu queria comprar seu relógio; era um reloginho quadrado,pulseira de couro preta, simples mas tinha marcador do dia do mês, pediu baratinho e eu comprei. Nem sei como comprei, pois não costumava ter nem o dinheiro da passagem. Fiquei todo entusiasmado com o relógio, durou o quanto custou: quase nada.
O mundo virou uma doidice doida, é divertido e é difícil.
Instagran @jvdolago