Um título (14.09.2020)
Não sei propriamente se este texto é um conto ou crônica... Mas se nem Clarice ligava para isso, por que eu devo? Apenas a vontade de escrever veio e como nunca consigo refreá-la...
Sei que aparecerão (e já estão, na verdade) um monte de várias coisas relacionadas a este período que estamos vivendo. Quarentena, Covid, isolamento social, _distanciamento_ social, fique em casa, máscaras, dificuldade de respirar, álcool em gel, co-vírus, respiradores, números altos, mortes... Não sei você, leitor (a) querido (a), mas eu _não suporto mais_ ouvir falar em mais nenhum destes termos. Uns mais, muito mais, que outros, mas simplesmente não quero mais que eles façam parte da nossa realidade... Alguns já faziam, mas mesmo assim!
Quero poder respirar direito! Se quem está com essa doença maldita sente dificuldade em respirar, quem está se protegendo (ou tentando fazê-lo) com a máscara também o sente. Claro que deve ser de um jeito bem menor, mas o que somos nós se não podemos respirar? Se temos que nos esforçar de um jeito não costumeiro para realizar algo que é digno de comparações? “Ah, isso é tão fácil quanto respirar” ou então “Ah, aos poucos isso vai se tornar tão automático quanto respirar”...
Agora temos tempo para fazermos coisas que antes não fazíamos justamente pela falta dele, algo que era sempre motivo de reclamação! Não consigo fazer academia por falta de tempo, não me alongo em casa por falta de tempo... Hoje temos tempo! Mas isto foi algo imposto a nós... É meio cruel ter tempo agora para fazer tudo que sempre quisemos, mas por um motivo horrível... Quero ter tempo porque consegui tê-lo e não por causa de algo imposto a mim e a todos do mundo inteiro...
É cruel!
E pensar que tudo isso poderia nem ter existido, se _alguéns_ não tivessem a sede de mexerem com o que não devem. Ou mesmo uma incrível sede de ganhar mais e mais às custas dos outros (e um custo realmente alto!). Porém, acho que estou já divagando, continuemos com minhas indignações:
Acho que nunca falei odiar tanto uma coisa como odeio essa doença desgraçada! Não somente pelos efeitos que ela causa em quem a contrai, mas por causa de seus efeitos mundiais, econômicos, políticos e... Por que não dizer? Emocionais e psicológicos! Eu odeio essa doença! Odeio o que já fez e o que ainda fará, mesmo que eu não saiba o que vem pela frente!
Só não a odiarei quando finalmente não tiver esse efeito horrível! Porque, depois desse tempo todo, ela vai continuar sempre existindo... Muito nos foi tirado por causa de uma coisa que não consegue nem andar só! Não se locomove! Não nos reconhecemos mais por causa de um pano na cara e nem conseguimos nos ouvir porque esse pano abafa nossa voz.
Não podemos mais abraçar as pessoas, somente cotovelos e distanciamento. O que nos resta são somente os olhos, mas pra quem é míope como eu...
Paulia B. Sousa