Fake News: Brazil

“Emancipate yourselves from mental slavery

None but ourselves can free our minds”

(Robert Nesta Marley)

Para quem já se familiarizou com o termo “Fake News” é difícil acreditar no que vemos quando abrimos as redes sociais, se faz necessário verificarmos a veracidade da informação nos veículos oficiais de comunicação e informação, além de dar uma conferida em sites especializados no assunto. Mas, a cada dia que passa os absurdos que surgem se mostram tão grotescos que chegamos a questionar a própria sanidade da sociedade em que vivemos.

Na era da pós-verdade apela-se para a emoção e ignora-se o fato em si, que perde relevância diante da discussão levantada para modelar a opinião de quem recebe a notícia. Desse modo, pagar o funcionalismo em dia é tido como desvio de dinheiro público, cuidar da mobilidade urbana é atentar contra o povo, investir na saúde da população vira indício de corrupção. Se isso tudo parece com alguma situação que você observou recentemente saiba que não é mera coincidência.

Na atualidade, o que realmente interessa são as convicções pessoais e crenças individuais de cada um. Isso nos leva a conviver com meias verdades e verdadeiras mentiras. Tipo: vacina mata; a polícia não, é tudo em legítima defesa, mesmo sendo uma criança ou adolescente indefeso; a terra é plana, o homem nunca chegou à lua; ditadura nunca existiu no Brasil; aqui ninguém passa fome; hidroxicloroquina... (melhor não comentar). É mais ou menos como Nietzsche disse: “não há fatos, apenas versões”.

Num país não tão longe daqui julgam culpada a inocência de uma criança e protegem o criminoso que tirou sua infância. Na passeata, repórter é agredido por manifestantes com consentimento dos homens da lei, homenagem aos mortos por Covid-19 na praia é vandalizada e destruída por cidadão de bem do país. Quem leva taco de beisebol na manifestação é protegido pela polícia, mas quem tem um livro na mão é perigoso e tratado como criminoso.

Atitudes reprováveis e até criminosas foram banalizadas por quem se julga acima da lei e isento de responsabilidade pelos seus atos. Chegamos ao ponto de destilar nosso ódio humilhando o guarda civil no cumprimento do seu dever, o agente sanitarista que tenta manter a ordem social ou o entregador de aplicativo trabalhando honestamente. Pois, é fácil se esconder atrás da formação acadêmica como se fosse indicador de caráter, do cargo no tribunal para se mostrar acima da lei, ou transtorno mental atribuído como causa do racismo.

Parece mentira, mas no país com a maior diversidade humana da América Latina somos tratados como minoria, seguidos pelo segurança no supermercado, expulsos da loja de departamento, esculachados na esquina por homens fadados. A verdade dos fatos nunca é levada a sério e passa despercebida. Como se não bastasse, nós é que pagamos a conta de tudo isso. Afinal, Fake News é o sucesso! Ainda mais em um país como o “Brazil”.