Fé e dinheiro
Fé e dinheiro
Hoje fui ao Vale do Anhangabaú, numa lojinha onde se vende de tudo relacionado a rock. O nome da loja é Woodstock Disco e se localiza numa ruazinha à esquerda do Viaduto do Chá.
Só que antes, aproveitando o passeio, fui ao banco para tirar o extrato e pedir informações sobre o recadastramento do CPF, pois o meu está vencido.
Chegando lá, me deparei com uma porção de gente em roda, ouvindo um evangélico que gritava a pleno pulmão: “o dinheiro é a raiz de todos os males, dê uma parte do seu dinheiro para nossa Igreja, a verdadeira Igreja do Senhor Jesus, que liberta e salva, e nós investiremos seu dinheiro em obras sociais, pois está escrito: Deus ama quem dá com alegria”.
Confesso que não gostei muito da pregação. Apesar dos infinitos “Deus lhe pague”, que as criaturas gratas por algum favor proclamam diariamente em todo mundo, acho que Deus não está tão “endividado” a ponto de começar a confiscar nosso suado dinheirinho.
E o Senhor Onipotente, não teria outra forma de recebimento a não ser em espécie?
Será que o capitalismo e o consumismo já invadiram até nossa relação para com Deus? No mais, se eu ajudar alguém, quem vai precisar de ajuda serei eu.
Para aumentar um pouco mais minha chateação, também no Banco sofri um pouco, pois além da fila que peguei à-toa, fui informado de que só a Caixa Econômica Federal e os Correios fazem o recadastramento CPF. Oh saco!
Depois de tudo isso, retornei para o meu plano original, meu querido passeio.
Quase chegando à referida loja Woodstock Disco, atravessando o Viaduto do Chá, uma cigana me chamou: “o senhor, quer que eu leia a sua mão?” Eu respondi: não senhora, obrigado. A cigana insistiu: “é de graça, eu não cobro nada”. Eu tornei a responder: “o problema não é o dinheiro, o problema é que eu não acredito nisso”.
Deixei a quiromante com cara de tacho e prossegui meu caminho.
De novo esse negócio de fé e dinheiro? Lembrei-me do evangélico, do Banco, e fiquei irritado novamente.
Chegando à loja, depois de toda essa epopéia ética e teológica, nem consegui gastar meu dinheiro com plena satisfação.
É... O pastor evangélico estava certo, eu só mudaria o final da sentença, dizendo: “o dinheiro é a raiz de todos os males da Igreja”.