Parasita

O filme "Parasita" entrou para a lista da mais bela das artes por mim assistida nos últimos anos. Foi marcado pela mensagem que nos deixara devido ao contexto social em que vivemos. Os três personagens representando as classes "A", "C" e "E" da nossa sociedade demonstram quão é cruel viver em um sistema capitalista.

Durante um caos pandêmico, o senhor dos haveres tem todos os recursos para se imunizar sem a necessidade de encarar os inimigos invisíveis que assolam a miséria. Os magnatas se equilibram no topo da pirâmide a ostentar os seus prazeres redundantes e como o maior dos sanguessugas exploram os seus criados a reciclá-los como se fossem uma peça do seu vestuário. O céu amanhece lindo para abrilhantar os bosques da nobreza e nesse ínterim, há o choro pelos destroços da noite tempestuosa a qual transborda os valões que invadem os porões dos faltos.

O sobrevivente da pobreza que tenta alcançá-lo a constituir uma nova classe média como pequeno empresário não consegue pagar os seus encargos e na mão dos Bancos agiotas sofre as consequências do fracasso e se escondem do mundo a sugar apenas os restos.

O miserável que vive a catar migalhas na base tão extensa da pirâmbula financeira torna-se o vilão que mora nos porões da sociedade e sua cultura organizacional o leva a cometer delitos para sentir o sabor dos caviares do rico.

Esse pobre coitado possui o corpo repleto de sangue que alimenta os vampiros parasitas e sobrevivem como ratos nos calabouços a observar os solados dos que querem pisar sobre suas cabeças e urinar nos seus portões.

O drama da história foi apresentado de uma forma excepcional contendo diversas peripécias. O momento da catarse na tragédia ficará para sempre na minha memória afetiva. Foi a purificação da alma que me fez refletir que a vida é uma guerra constante pela sobrevivência.

Às vezes, é necessária uma grande catástrofe, como a crise mundial causada por um fenômeno pandêmico que atinge todas as classes sociais para que possamos valorizar os que se encontram no andar de baixo do poço da sociedade.

É a sétima arte fazendo seu papel de despertar os meus sentimentos e minhas sensações a remeter lembranças do passado quando nos meados dos anos sessenta do século XX, eu presenciava a cada tempestade do alto do morro os barracos que beiravam o Rio Acari sendo carregados pela correnteza e no dia seguinte eu assistia o sensacionalismo dos homens de gravata a filmar a realidade.

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 14/09/2020
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