O conceito moderno de indivíduo é, particularmente, um conceito de sistema de afetos, no sentido de “ser proprietário de minha própria pessoa” conforme afirmou John Locke e o medo (pois o outro é sempre um invasor em potencial).
 
Procura-se sofregamente construir e analisar as consequências políticas deste primado do indivíduo com seus afetos, assim como levantar os caminhos para sua superação através da recuperação de certos aspectos da teoria freudiana.
 
Contemporaneamente estamos nos encaminhando para o chamado medo patológico e absoluto de tudo que é heterônomo, ou seja, diferente de mim. È a incapacidade de entender que nem sempre a heteronomia signifique servidão ou subjunção.
 
Enfim, é a capacidade de autorreconhecer no que é involuntário que significa liberdade. A capacidade de abrir-me para aquilo que não seja a imagem e semelhança de mim mesma.
 
Estamos fatidicamente atrelados a imagem de que a vida social, seja como uma associação de indivíduos, cada qual defendendo seus interesses e suas identidades.
 
Precisamos entender que os afetos dos indivíduos é o que constrói vínculos sociais e, dá ritmo a dinâmica política-social.
 
Temos que aceitar os afetos dos indivíduos, principalmente o medo e a esperança. O medo, por sua vez, dentro das origens da filosofia política com Thomas Hobbes que trouxe uma reflexão de que o medo como afeto político central para a coesão social.
 
Hobbes é defensor da ideia de contrato social e o medo  é motor chave para a necessidade desse contrato. Ao viverem em estado de natureza, os homens estão propensos a sua imaginação, donde pela honra, eles ficam fadados a imaginar que a guerra entre estes não tem fim.
 
Portanto, a figura do homem é retratada como o lobo do homem. Afinal, sem a espada que lhes imponha o respeito, o acordo não serve para atingir os objetivos a que lhe propõe. Desta forma, o filósofo inglês justifica o contrato social.
 
 
 

 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/09/2020
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