O CORINGA
O Coringa, sem spoiler.
Na gargalhada desmedida do rapaz, no sorriso desconexo da moça, na ingenuidade da menininha do elevador, no trabalho do homem do manicômio e na ineficácia da mulher da assistência social por falta de recursos, o filme é um grande mosaico que revela a realidade sobreposta aos ignorados e faz estremecer o olhar do espectador. Sensibiliza-nos a pensar sobre o desprezo com que a sociedade, em todas as suas instâncias, lida com seus necessitados de qualquer que seja a precisão, mas que produzem um valor imprescindível para a sobrevivência desta. Num quase solo, o ator Joaquim Phoenix mostra o que é o desespero extremo que explode em gargalhadas como um grito de socorro gerador de um caos se alastrando destrutivamente de Arthur aos seus admiradores. O filme nos faz refletir sobre a hostilidade com que compreendemos os combalidos multiplicados em cadeias de coringas.
Em Nova York, No Nordeste, em Londres ou no Haiti, seja lá onde for, estará a imaginária e tão real Gotham City com seus heróis e seus anti- heróis representados por Coringa que ri e chora da sua própria condição.