Medo de acordar
Acordei agradecendo a Deus o novo dia, o tempo fechou com raios e trovões, e uma chuva intensa caiu. Com medo, corri para o quarto, um rato apareceu, pulei na cama, ela não aguentou e quebrou. Fui ao chão, bati à cabeça, rachou à cuca, e o sangue espirrou. Olhei através do espelho, vi um rosto zangado, um machucado aberto, e uma lágrima fujona desafiou-me.
Suspirei bem profundo, corri para os fundos da casa, chamei por Teresa, e ela não ouviu. Estava sem o aparelho auditivo, voltei com um eco vazio. Procurei à caixa dos remédios; lembrei que não tinha. Era feriado, tudo estava fechado, bem como a farmácia e a padaria. Parei um pouco, pensei: que dia louco!
E achando que estava pouco, faltou energia. Sem internet, Netflix, SKY,; o pacote de dados, também, deixou-me. Não tinha até então notado, como a minha vida tinha mudado, extremamente refém da tecnologia. Balancei a cabeça, uma tonteira agitou o corpo debilitado. Fui para sala, sentei-me no sofá, mas ele havia molhado, a janela ficou entreaberta.
Não sabia mais o que pensar; estava com um baita azar. Era demais para um só dia! Resolvi fazer um chá para acalmar os nervos, e o fogão não acendia, ele só funcionava à base de energia. O frio começou a bater, e o cobertor estava mofado. Atacou à alergia, e os espirros eram constantes. Não faltava mais nada!
Quem disse? De repente, um vento forte levou o telhado, e a casa ficou engraçada. A chuva cessou, o vento se acalmou, e o pensamento de impotência pairou. Olhei para o céu, e um arco-íris brotou; lindo e repleto de cores. Não quis abri a boca, e nem comentei mais nada. Dessa vez, sorri.