AQUELE MENINO

Ele tinha olhos castanhos e os cabelos eram pretos e escorridos, caíam na testa. Moreninho, jeitinho acanhado e bastante estudioso. Uma coisa não lhe agradava: era tímido demais, mas com os coleguinhas da vizinhança era muito amigo e adorava brincar.

Aos dois anos de idade veio da cidade de Goiana-Pe, onde nasceu, passando a morar com os pais e irmãos no bairro do Pina, no Recife. Sempre foi um menino pobre e nunca almejou grandes coisas na vida, foi de uma época quando existia o respeito aos mais velhos e a obediência aos pais. Tranquinagens eram coisas de toda criança sadia e nunca teve problemas de saúde, sempre foi saudável ele e os irmãos, graças a Deus.

Aquele menino era de um tempo maravilhoso, ninguém ouvia falar de violência urbana, de brincadeiras de mal gosto e nem de roubalheira política, tudo parecia ser transparente. As brincadeiras infantis eram agradáveis, brincavam meninos e meninas, tudo junto, de pega-pega, de barra bandeira, de roda, tinha a brincadeira do passa o anel, de esconde esconde, tudo na maior animação e tranqüilidade. Como deixaram saudades, ainda estão na lembrança aqueles tempos áureos, hoje não se brinca mais assim, a meninada de hoje mudou e muito.

O tempo passou e esse menino cresceu, mas continuou tímido, namorou algumas garotas até encontrar aquela que seria a sua esposa. Constituiu família e teve filhos e netos. Trabalhou no Porto do Recife, primeiro e único emprego, até se aposentar em 2005.

Aquele menino sente muitas saudades da sua infância e adolescência. Aquele menino sou eu.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 12/09/2020
Código do texto: T7061411
Classificação de conteúdo: seguro