Zé Botinha para prefeito
É sabido e decorado por quase toda gente que as eleições municipais 2020 serão em novembro. Em União dos Palmares, embora oficialmente não seja ainda permitido campanha eleitoral, muitos dos candidatos a vereador e prefeito já iniciaram os serviços laborais eleitorais. Sob a alcunha de ''pré-candidato'', está cada vez mais frequente encontrá-los em praça pública, igrejas diversas, churrasquinhos da Avenida, discursando sobre os projetos que, se eleitos, colocarão em prática, a bem da municipalidade.
De acordo com os veículos extraoficiais de fofoca, é possível que tenhamos, em União dos Palmares, mais candidatos a vereador e prefeito que eleitores aptos a votar. Talvez o salário, a jornada de trabalho, as benesses concedidas a esses agentes políticos expliquem essa sede municipal que alimenta quase todo cidadão palmarino. Eu mesmo, diante dos atrativos da carreira política legislativa municipal, estou pensando em lançar-me candidato a uma dessas vagas. Talvez a prefeito ou a vereador, ainda não decidi.
Contei essa intenção a um amigo próximo, excelente historiador municipal, ele me disse que, para prefeito, eu não preencho os requisitos do cargo. Segundo ele, prefeito precisa ser casado. Eu não sou, logo não poderia candidatar-me a prefeito. Foi enfático: "Você conhece em exercício algum prefeito solteiro?". Respondi que não conhecia nem conheço, mas, na hipótese hipotética de ser verdadeiro tal requisito, era coisa de se arranjar no caminho até a diplomação no cargo. Ele, na condição de historiador municipal, não creu e recomendou-me consultar um advogado especialista em direito eleitoral.
Talvez melhor seria que me encaminhasse a uma cartomante ou vidente, quem sabe a ambas, pois, dada a concorrência, para conseguir eleger-se vereador ou prefeito por aqui, não basta ao pleiteador conhecer direito eleitoral. É preciso adivinhar as pretensões dos eleitores municipais, suas peculiaridades pormenorizadas. É preciso elencar os tipos de eleitores e estabelecer um modus operandi de tratá-los. No dizer de Aristóteles, seria mais ou menos, "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade". No dizer de Zé Botinha, aprendiz de filósofo medicinal, para conseguir eleger-se vereador ou prefeito em União dos Palmares, todo candidato deveria tratar os famintos com comida, os ébrios com bebidas e os demais com cloroquina.
Zé Botinha para prefeito, é como voto.