QUANDO TEMOS VONTADE DE NÃO DESPERTAR FACE O ENFRENTAMENTO QUE O DIA NOS RESERVA

Penso eu e acredito ser isto verdade, que ao menos uma vez na vida não há quem não tenha dito a vontade de não despertar face o enfrentamento que o dia nos reserva. Os enfrentamentos são de natureza diversa, relacionados à saúde, a fator econômico, a trabalho, amor, ou qualquer outro. Enfim, cada um tem o seu. Mas queiramos ou não, estes enfrentamentos fazem parte da realidade da vida. Então, nestes dias, precisamos nos sair bem no palco do nosso teatro, não só por nós mesmos, mas muitas vezes também pelos outros, principalmente por aqueles que amamos.

Para começarmos bem, devemos ser pontuais, iniciar no horário. Afastamos as cobertas para o lado como que abrindo as cortinas para o grande espetáculo. Clamamos a proteção divina, respiramos fundo e lá vamos nós para o início, para a primeira cena. O dia vai transcorrendo e as cenas também, nós vamos mostrando nossos predicados que nem mesmo sabíamos que tínhamos. Muitos são os argumentos, somos inundados pelo mar da serenidade, da coragem, do perdão e da luta por nossos ideais. Muitas vezes, inclusive, poderá ter cena de sentimento. Neste caso, corremos o risco de até engolir no seco e, também, dependendo de nossa sensibilidade, poderão haver lágrimas reditas. Aquelas que não molham o rosto, mas encharcam o coração. Estas são as mais difíceis, permaneceram por mais tempo, principalmente quando a causa é injusta.

A verdade é que quando menos percebemos, novamente estamos frente aos nossos inseparáveis amigos, o colchão, o travesseiro e o cobertor. Este último é o nosso conselheiro e julgador secreto, é ele que decidirá se dormiremos o sono dos anjos, ou quando não, teremos a punição da consciência, que é a punição mais severa. Desta vez, ao invés de afastar as cobertas, as puxamos sobre nós, como um fechar de cortinas para encerrar o espetáculo, o show já terminou.

Neste momento, constatamos que foi um dia cansativo, exaustivo, mas acabamos nos saindo bem, encenamos bem. Se não tivemos aplausos, também não tivemos vaias. Percebemos também que em momento algum faltou energia em nosso palco, percebemos que o gerador funcionou muitíssimo bem. Encerramos o dia com gratidão, agradecendo a proteção divina e rogando por um sono restaurador. Constatamos que a energia que não faltou, a nossa serenidade, a nossa coragem, o nosso perdão, à luta por nossos ideais, à luz que nos iluminou incessantemente, veio do alto. Sem ELE não haveria palco, nem platéia e nem apresentação, estaríamos nas trevas. Agora mesmo em nosso descanso ELE continuará firme a nos vigiar e iluminar, ELE é a LUZ que não se apaga, por isto não devemos ter nunca receio do despertar.