PÔR DO SOL
Faltavam alguns minutos para que o sol caísse de vez. Andamos até a beira do lago, não muito longe da tua casa.
Teus pés guiaram os meus até onde achasse o melhor lugar para repousar. Nos recostamos em uma pedra enorme, um pouco acima da água e de frente para o belo pôr do sol que se formava.
Reparei em cada sorriso que saltitava do seu rosto. A conversa aleatória fluía de uma maneira gostosa. Realmente, tínhamos uma sintonia de dar inveja.
Ouvi cada história da tua infância, cada besteira que fizera em seus poucos 23 anos de vida, e até os não romances que fracassaram. Descobri um lado que nunca havia reparado, e isso só me fez querer estar ainda mais perto de você.
Tua pele albina ganhava tons avermelhados. O sol estava quase partindo.
Será que meu nervosismo era evidente? Minhas mãos tocaram as tuas por vezes, mas elas escaparam de mim. Tentei chegar um pouco mais perto, e teu corpo fugiu. Quando o “eu te amo” pulou da minha boca, eu que quis me esconder para que não pudesse ouvir sua negação.
Mas já era tarde para alçar voo.
A noite tomou conta da paisagem maravilhosa. Teus olhos não brilhavam mais. Agora estávamos rodeados de escuridão. No breu, O seu “não” veio embrulhado num penoso “desculpa”. Algo dentro de mim já esperava por essa resposta, mas custei a acreditar.
Voltamos em silêncio. Cada um na sua bolha de isolamento. Agora, tentava me afastar do teu caminhar e esconder as lágrimas que escorriam do rosto.
Aos poucos, teu andado não me alegrava mais, teu riso corado me entristecia, e te ver ao longe trazia um aperto de solidão no meu peito. Minha escrita foi perdendo toda a magia que vinha de você. Será que algum dia, essa poesia perdida voltará?