CONVICÇÃO.
Sem utopia, incorporado e encarnado nas letras especiais e avisadas da poeta Nobel de Literatura, estreme de dúvidas seu canto intenso e forte, com ele me alinho, "não há estradas senão as de chegada".
Quem deixou a vida passar sem viver intensamente suas cores e riquezas dos sentidos, e por isso não lutou, não deve restar no mar das lamúrias, sempre há um pouco de tempo, ainda, para "pisar no sólido solo das provas" da existência que corre em nosso sangue. A vida não espera por aqueles que a abandonam e se entregam às superficialidades das conquistas menores, onde não estão abrigados os grandes e enriquecedores valores dos sentidos, das visões da beleza que rebrilham na arte e no viver as sutilezas do verdadeiro amor despojado que se colhe na "Árvore do Entendimento, fascinante, simples...."
“Utopia”.
“(…)Aqui se pode pisar no sólido solo das provas.
Não há estradas senão as de chegada.
Os arbustos até vergam sob o peso das respostas.
Cresce aqui a árvore da Suposição Justa
de galhos desenredados desde antanho.
A Árvore do Entendimento, fascinantemente simples
junto a fonte que se chama Ah, Então É Isso.
Quanto mais denso o bosque, mais larga a vista
do Vale da Evidência (…)
Domina o vale a Inabalável Certeza.
Do seu cume se descortina a Essência das Coisas.
Apesar dos encantos a Ilha é deserta
e as pegadas miúdas vistas ao longo das praias
se voltam sem exceção para o mar (…)”
Wislawa Szymborska