A PARTEIRA E A PINGA

Zé Rosa era um roceiro que tocava sua propriedade no interior paulista

lá para as bandas de Piracicaba. Forte, trabalhador, apreciava uma cacha-

cinha da boa, mormente quando ia à vila aos domingos, para se encontrar

com os amigos, bebericar e jogar conversa fora.

Sua patroa, dona Olga, estava prenhe e aguardava cria, o primeiro filho

da família e Zé Rosa andava muito preocupado com o tamanho da barriga

da mulher. Seria apenas um ou dois, ou mais? O matuto cofiava a barbicha

e franzia o sobrolho, pensativo.

Foi quando, numa certa manhã de sábado, acordou com a dona Olga re-

clamando de dores fortes e lhe pedindo para chamar a parteira. Zé Rosa

despinguelou numa charrete puxada pelo burro "Chocolate" e, ao passar

pela venda do Chico Bento, foi chamado pela turma de amigos que bebe-

cavam. Um deles, o Nestor, gritou-lhe:- "- Oi, Zé Rosa, chega mais. Venha tomar um gole e provar uma costeleta de porco."

"- Nestor, eu não posso. Tou com pressa pois vou buscar a parteira, a Dona Olga. Parece que o moleque tá chegando!"

"- Ah, mas é só um golinho, homem de Deus. O moleque espera!"

Zé Rosa parou a charrete, desceu e falou que sua mulher estava no

"hora-veja" e não poderia demorar. Mas, como sempre ocorre nesses en-

contros de pinguços, o tempo foi passando e o roceiro continuou entor-

nando os goles.

Quando ele voltou para casa a criança já estava engatinhando!...

B.Hte., 09/09/20 -o-o-o-o-o-

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 09/09/2020
Código do texto: T7058905
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