QUILOMBO: O SONHO DE LIBERDADE!
- Crônica do dia 09-09-2020 -
O Quilombo nasceu de um sonho de Liberdade. O sonho de liberdade de povos que já eram livres, que nasceram seres humanos e se viam como seres humanos, e, de repente, descobriram que eram NEGROS. Que eram filhos de Caim, que não tinham alma e que podiam ser acorrentados, violentados, torturados, escravizados, flagelados.
O Quilombo nasceu numa terra que ninguém do Velho Mundo conhecia. As etnias indígenas já estavam aqui, e também estavam se deparando com a invasão de homens que tinham canos que cuspiam fogo e que praticavam violência sem motivo, depois se foi compreender é que para esses homens, o dinheiro valia mais que suas vidas.
Com esses indígenas que também foram expulsos de suas terras, tendo suas aldeias destruídas, foi que nosso povo aprendeu a viver nestas matas, a colher dos frutos desta terra, a se tratar com as ervas de cada lugar e a sobreviver às selvas e a se refazer a cada enchente que leva nossas casas.
Entender que a terra nos energiza e que cada árvore, cada nascente, cada pássaro, cada forma de vida que existe em nosso contexto é sagrada. Sagrada independente de formas compreender a energia cósmica que existe em cada beijo que o vento prega em nossos rostos, com sua boca gelada de viajar pelo Vale do São Francisco, e se refrescar em suas quedas, rodamoinhos e represas.
É com a figura de Akotirene, Dandara, Mariele, Luiza Mahin, Tereza de Benguela, Aqualtune, Zeferina, Maria Felipa, Na Agontimé, e toda a energia da ancestralidade de todo o nosso povo que nunca abandonou a luta e desde o início resiste contra a escravidão e contra todas as mazelas que dela se originou, como a fome, a exclusão, o exílio, a exploração sexual, exploração do trabalho, a desumanização de nossa gente e a apatia com nossa dor.
É por toda a dor e por todas as lágrimas que cada um de nosso povo que já derramou inutilmente nesse chão, por ser tomada nossa humanidade e a cor de nossa pele justificou todas as barbaridades que foram feitas. Depois de tanta luta, tanta dor, e tanta fé, declaro meu total apoio a esta jovem mulher guerreira que irradia o sonho de todo o nosso povo, os encarnados e nossos ancestrais, em busca de nosso tão amado sonho de LIBERDADE!
Existem SETE comunidades Quilombolas no município de Água Branca-AL que precisam ser ENXERGADAS. LIA do QUILOMBO nasceu na luta quilombola, já encaminhada por sua mãe e sua avó que são as responsáveis por terem preservado a cultura do artesanato de palha de Ouricuri e fundado a associação das mulheres quilombolas.
CHEGOU A HORA DE OUVIR A VOZ DOS QUILOMBOS!
Graciliano Tolentino
- Crônica do dia 09-09-2020 -
O Quilombo nasceu de um sonho de Liberdade. O sonho de liberdade de povos que já eram livres, que nasceram seres humanos e se viam como seres humanos, e, de repente, descobriram que eram NEGROS. Que eram filhos de Caim, que não tinham alma e que podiam ser acorrentados, violentados, torturados, escravizados, flagelados.
O Quilombo nasceu numa terra que ninguém do Velho Mundo conhecia. As etnias indígenas já estavam aqui, e também estavam se deparando com a invasão de homens que tinham canos que cuspiam fogo e que praticavam violência sem motivo, depois se foi compreender é que para esses homens, o dinheiro valia mais que suas vidas.
Com esses indígenas que também foram expulsos de suas terras, tendo suas aldeias destruídas, foi que nosso povo aprendeu a viver nestas matas, a colher dos frutos desta terra, a se tratar com as ervas de cada lugar e a sobreviver às selvas e a se refazer a cada enchente que leva nossas casas.
Entender que a terra nos energiza e que cada árvore, cada nascente, cada pássaro, cada forma de vida que existe em nosso contexto é sagrada. Sagrada independente de formas compreender a energia cósmica que existe em cada beijo que o vento prega em nossos rostos, com sua boca gelada de viajar pelo Vale do São Francisco, e se refrescar em suas quedas, rodamoinhos e represas.
É com a figura de Akotirene, Dandara, Mariele, Luiza Mahin, Tereza de Benguela, Aqualtune, Zeferina, Maria Felipa, Na Agontimé, e toda a energia da ancestralidade de todo o nosso povo que nunca abandonou a luta e desde o início resiste contra a escravidão e contra todas as mazelas que dela se originou, como a fome, a exclusão, o exílio, a exploração sexual, exploração do trabalho, a desumanização de nossa gente e a apatia com nossa dor.
É por toda a dor e por todas as lágrimas que cada um de nosso povo que já derramou inutilmente nesse chão, por ser tomada nossa humanidade e a cor de nossa pele justificou todas as barbaridades que foram feitas. Depois de tanta luta, tanta dor, e tanta fé, declaro meu total apoio a esta jovem mulher guerreira que irradia o sonho de todo o nosso povo, os encarnados e nossos ancestrais, em busca de nosso tão amado sonho de LIBERDADE!
Existem SETE comunidades Quilombolas no município de Água Branca-AL que precisam ser ENXERGADAS. LIA do QUILOMBO nasceu na luta quilombola, já encaminhada por sua mãe e sua avó que são as responsáveis por terem preservado a cultura do artesanato de palha de Ouricuri e fundado a associação das mulheres quilombolas.
CHEGOU A HORA DE OUVIR A VOZ DOS QUILOMBOS!
Graciliano Tolentino