Bicho-de-pé

Por Nemilson Vieira (*)

Numa ocasião a dona Laurita precisou dum álcool líquido e procurou-me, para compra. Estava em falta do mesmo; só tinha um meio litro para o meu uso pessoal e o reparti com ela.

Não demorou tanto queria mais um pouco do produto… Aí cedi-lhe o restante do álcool. Ao voltar para mais aquisições… — Não tenho mais álcool, dona Laurita, só cachaça.

— Uai! Quem faz uso de bebidas alcoólicas na sua casa?

— Eu mesma: ponho na cara dum “bicho-de-pé” que está a perturbar-me. Ao olhar o seu pé, observei uma bolinha escura num dedo. Naturalmente a ovular, pelo tempo já hospedado; concluí que havia a necessidade duma intervenção cirúrgica, mais criteriosa e a orientei que fosse a um posto de saúde.

Dias depois, soube que a dona Laurita havia sido levada ao Pronto-Socorro às pressas! Para retirar o tal bicho-de-pé; por certo “tonto” de tanto álcool que a sua hospedeira deu-lhe.

Pelo jeito o bicho não se importa com álcool. Insistiu o quanto pode e não saiu daquele ambiente “etílico”, sem uma intervenção médica.

*Nemilson Vieira

Acadêmico Literário