UMA AVENTURA DE ADOLESCÊNCIA
Sabe aquelas loucurinhas da adolescência? Eu cometi algumas. Hoje, na minha idade, seria internado acusado de insuficiência mental, ou pior, de assédio sexual.
Eu devia ter uns quinze anos e uma das minhas diversões preferidas eram as matinês das tardes de domingo.
Havia muitos cinemas em Curitiba, inclusive nos bairros. Marajó no Seminário, Guarani no Portão, Morguenau no Cristo Rei, Mercês nas Mercês, Cabral no Cabral. Talvez mais algum que hora não estou lembrando.
Numa bela tarde de domingo, provavelmente num mês primaveril, fui ver um filme no Cine Mercês, que ficava ao lado da Igreja do bairro de mesmo nome, na Avenida Manoel Ribas, onde hoje é uma concessionária da Honda. Que filme era? Não lembro e nem tem importância. O que registrei na memória foi justamente o fato que acima descrevi como uma loucura da adolescência. Eu estava sentado no meio do salão e no meio da fila de poltronas de madeira provavelmente fabricadas pela Móveis Cimo. No escuro, ninguém sabia muito quem era quem, apenas se distinguia vultos.
Na fila da frente estava sentada uma garota. Bonita? Não sei. Na minha imaginação sim. O filme ia se desenrolando e eu não sei como minha mão foi deslizando em direção a... mão dela. Não me perguntem como, já faz muitos anos e eu tenho a lembrança meio apagada em meu arquivo memorial. Não sei se ela estendia a mão para trás, para facilitar o contato. Só sei que assistimos o filme de mãos dadas.
Aquilo para mim foi um feito fenomenal. Segurar na mão de uma garota desconhecida por tanto tempo. O filme acabou. Levantei-me e fui embora. Nem sei quem era a garota.
Foi uma emoção diferente. Uma aventura de adolescentes sem nenhuma conseqüência.
Mas que foi bom, foi.