UM TIMBRE NA MEMÓRIA
Nas perambulações pela minha cidade quando criança, muitas foram as vezes que passei em frente a alfaiataria. Foi como conheci o Sr. Oscar, que muitos anos depois veio a ser meu sogro. Ele tocava clarineta na banda da cidade, eu admirava a tuba, que era tocada pelo Sr. Alfeu, com quem cheguei a trabalhar por um tempo em sua marcenaria.
Depois que infelizmente a banda acabou, o Sr. Oscar tocava em casa ou nas festas familiares. Tendo entrado para a família, inúmeras vezes estive presente, vi e o ouvi tocar. Deve estar para mais de trinta e cinco anos a última vez que isso aconteceu.
No ano passado fomos ao teatro municipal aqui da cidade, assistir a apresentação da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. Ela era uma das atrações da Semana Guiomar Novaes.
Quando a clarinetista, solista, iniciou seu solo, descobri que o timbre da clarineta do Sr. Oscar estava gravado na minha memória, parece que em minha mente se formou um paralelo entre os dois timbres; de um lado o som limpíssimo e agudo que eu ouvia naquele momento, do outro lado era como se estivesse ali, o som de timbre mais grave, rasgado, da clarineta do Sr. Oscar.
Para quem não sabe, timbre é a característica sonora de um instrumento musical e da voz. Assim como a voz, que é o nosso instrumento natural, cada instrumento tem o seu timbre.