A JARDINEIRA

Em São Sebastião das Aguas Claras, distrito de Macacos, lá pelas ban

das da Serra da Moeda/MG, comemorava-se com fervor o dia da padro-

eira, com missa cantada e, após, uma procissão com o andor e a imagem

da santa até o alto do morro, ponto mais alto da localidade, onde havia um cruzeiro e uma singela capela.

O padre João Inácio, abnegado pastor das suas ovelhas, comandava a procissão indo bem à frente do andor, compenetrado e cantarolando

" Os anjos, todos os anjos/Louvem a Deus e para sempre amém!...".

A procissão, uns vinte metros atrás, tinha o andor encabeçando a mar-

cha, sendo que do lado direito seguiam os homens, congregados maria-

nos, repetindo "Os anjos, todos os anjos ...". Do lado esquerdo seguiam as filhas de Maria, igualmente cantando com fervor.

Quando o padre João Inácio aproximou-se do topo do morro, deu de

cara com a jardineira do Tiãozinho Gonçalves, descendo sem freios e

quase desgovernada e o motorista gritando:- "- Tou sem freios, padre.

Avise o povo!...". O pároco deu meia volta e veio em zigue-zague, des-

cendo a ladeira e gritando desesperado:- "- A jardineira, a jardineira! "

De imediato, tanto os homens como as mulheres do cortejo mudaram a

cantoria, sacolejando ao ritmo da música:- "- Oh, jardineira por que está

tão triste/O que foi que lhe aconteceu?..."

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 08/09/20

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 08/09/2020
Código do texto: T7058049
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