¾ DE UM ROSTO ELEGANTE - BVIW
De que vive um coração cansado e uma mente sã? De lembranças ultrapassadas? Do arcaísmo romântico dos livros que lia? Precisava colar um amor verdadeiro naquele seu coração velho. O presente possuía a solidão desgastada de um espelho quebrado; quebrado e não varrido às pressas. Quem tem pressa em sentir dor?
A anciã puxou uma cadeira aproveitando o momento de trégua. Do passado colaria uma história de amor em seu peito. Escolheria aquela com os olhos cheios de brilho, sentada na roda gigante no mais alto andar do céu. Suas emoções eram maiores que as do TITANIC. Eram do tempo em que colar na escola era um vexame. Palavras como rubor, pudor... tinham grande importância.
- Senhora! Está me ouvindo?! – Sim. Arrastou o olhar para a moça do guichê que a tirou da nona nuvem. – Só falta tirar uma foto da senhora. - Eu tenho uma aqui. - Agora é tudo digital. A gente tira na hora.
Devolveu à bolsa a foto escolhida para toda sua vida. Nem tinha mais serventia. Posou para a foto de uma solidão sem nada no peito. – A senhora pode sorrir se quiser. Não quis. Não seria digital a história a ser colada em seu álbum da vida. Sua existência datava a tecnologia, mas levaria as 3/4 com seu rosto elegante. Vai que uma hora, cola. Ela um "pouquito" mais moça... Em que nuvem estava mesmo?!