Sem culpa
A nossa memória é algo tão fantástico, que muitas vezes um aroma, um gosto duma fruta, um objeto, uma música, uma simples palavra, seja lá o que for, é uma delícia recordar o que inesperadamente reporta você, para um acontecimento, e naquele instante viajamos no tempo e revivemos momentos os quais nem julgavámos recordar.
Normalmente
quando isso acontece comigo, sou covarde, se for coisa triste vivida no passado distante, perdi muitos entes queridos, então eu logo fujo. Porém, um fato corriqueiro, travessuras da dourada adolescência, que nos alimenta, as fugas para encontrar os amigos, era tudo tão sem malícia.
Então você percebe que foi uma viagem longa para chegarmos até aqui. Quantos rostos, quantos degraus, quantas curvas, tangeu a pessoa que você é, que hoje se olha no espelho sem sentir arrependimentos, ou culpa. Fui uma adolescente muito rebelde, dei muito trabalho para os meus pais, mas a rebeldia de outrora, nem chegava aos pés da modernidade.
O que chamávamos de rebeldia, era a personalidade de cada um que aflorava, eram os gritos por liberdade, natural de todo ser, não viemos para sermos engaiolados. Traçaria os mesmos caminhos da adolescente que fui, me sinto bem resolvida, eu diria que deu certo.