Comentarista em Compotas
DEPOIS que constatei a inércia da população diante dos absurdos que se repetem impunemente, estou meio decidido a deixar de querer ser empata-samba. Sinceramente, sou um velho e posso afirmar porque vi e assisti a muita coisa: nunca na história deste país houve tanta covardia e alienação. Agora, além do coronavírus, outro danado de vírus se abate sobre as pessoas: o vírus da covardia. Detalhe: nunca houve uma esquerda tão covarde e mixuruca quanto a atual.
Bom, feito esse desabafo, vou ao assunto desta maltraçada. algo mais ameno. Durante mais de vinte anos escrevi o comentário do meio-dia para a Rádio Jornal de Pesqueira,de segunda a sexta-feira,sempre interpretadas pelo grande locutor Arnóbio Marques. Tenho muita saudade dessa atividade. Sempre digo que sou radialista. Tenho orgulho disso. Amo o rádio. Mas a tarefa de escreve comentários para o rádio causa alguns problemas, há sempre por arte de pessoas que se sentem atingidas uma reação na forma de intriga. Juro. Mas há também os casos hilários. Vou contar dois.
Certo dia me contaram que um velho que fora porteiro da rádio morrera no Recife. Fiquei triste e em pleno expediente no banco fiz um comentário sobre o fato e homenageando o falecido. Muitas pessoas ouviram e algumas até me agradeceram e elogiaram, No outro dia estava no banco quando o telefone tocou. Atendi, era um filho do porteiro. Ele agradeceu a crônica sobre o pai, mas fez uma ressalva: - Uilha, foi linda sua crônica, mas papai ainda está vivo, ele manda até lhe agradecer. Fiquei sem chão, fuiatpe alvo de gozação por algum tempo. Mas quando o porteiro de fato morreu, repeti a crônica, inclusive com oadendo da gafe.
O segundo caso. Havia um ex-prefeito em Pesqueira a quem chamávamos de Dedé, no tempo de sua candidatura fui seu adversário apoiei outro candidato, ficamos meio distantes, mas como morávamos na mesma rua retomamos a amizade. Alguns anos depois ele adoeceu, problemas no coração. Levaram para Recife. Ficou na UTI . Era grave. Um dia estava em casa, à noitinha, quando bateram na porta, era um primo dele, Lucilo, também morava na minha rua ee me disse consternado: - Uilha, Dedé morreu, Gilson e uns amigos já estão providenciando documentos e caixão, eu vim te pedir para fazer uma crônica para o rádio pata ser lida antes do enterro. Fiquei triste mas fui para a velha Olivetti e comecei a fazer a crônica, quando já aviafeito mais da metade, bateram novamente na porta. Abri, era novamente Lucilo, o primo do falecido, ee estava meio espantado mas disse: - Uilha, não precisa mais fazer acrônica, Dedé ressuscitou. Até os médicos ficaram surpresos. Dei graçasa Deus e rasguei a crônica que estava fazendo. Dedé voltou e ainda viveu vários anos. Sempre que batíamos um papo ele lamentava eu ter rasgado o pedaço da crônica. Juro.
Quando de fato ele morreu, só fizxa crônica depois do enterro. E não falei no episodio da gafe. Inte.