Recomeço
Há seis meses nos preparamos para uma nova Vida.Apressadamente nos fechamos em nossas casas,suprindo nosso estoque de alimentos, higiene, remédios,enfim,um confinamento imposto pelo medo do vírus.Alguns de nós nem ao menos tiveram tempo de juntar_se a filhos, pais, e o Amor ficou literalmente à distância, Amor in live, Amor em cantos nas calçadas, Amor declarado em faixas e Parabéns nas ruas . Lindas ficaram as músicas, solitariamente cantadas nas varandas de prédios, formando um belíssimo coral.O isolamento despertou artistas, cantores, poetas, artesãos, cozinheiros quase profissionais, artistas da beleza, entendedores de gráficos e curvas, economistas, digital influencers, alunos e professores on line. Um toque de recolher, mundialmente ouvido.
Nosso inimigo vírus está quase de malas prontas, voltando para um lugar de onde nunca deveria ter saído.Segue deixando um rastro de órfãos de seus afetos mais caros.Tantas separações impostas pela morte . Quantos queridos não abrirão suas portas para o Novo mundo!
Renascemos,e tivemos todo tempo para cuidar de nossos sentimentos, coração, conceitos,escolhas.
Fizemos um pacto com a Vida, que em grandes ou pequenas doses envolve mudanças radicais, e não temos o direito de ignorá- las .As portas que abriremos daqui há pouco, sem medo, terão que ser mais leves.Nossos passos já são outros, nossos olhos enxergam novas cores, nossos conceitos sofreram a pressão da proximidade da morte.Não sairemos sozinhos.A boa nova já chega, e com ela a urgência da clareza, da resiliência,da compaixão e da misericórdia . Não será um retorno de curados,de santos, mas a Vida impõe que, sobreviventes,sejamos no mínimo melhores diante de nossos pares.
Refletir, repensar, abrir novas portas...
(Nádia Monteiro da Silva)