Prisão

Na minha linha do temo da vida, os meses sempre foram minha referência, não os dias, nem os anos. Eu sempre fui muito comprometida com o que me disponibilizava a fazer e era outubro, mês de eleição, e você sabe o quanto eu me envolvo com a política. Trabalhava o dia inteiro com a campanha de um amigo, mas já sentia você distante, eu já previa o que aconteceria a partir dali, mas você sempre foi tão imprevisível. Em novembro me deixou da mesma forma que chegou: de repente. Fiz algumas amizades antes de você decidir partir, entre elas um menino, extremamente apaixonado por sua namorada, mas ela fez o mesmo que você, se foi de repente, ele disse que a esqueceria, mas com o tempo, nos afastamos. Eu prometi que te esqueceria também. Mas em dezembro você decidiu voltar e, como sempre, eu te recebi. Por que eu deixei você entrar de novo? Em 12 meses você partiria, de novo, e dessa vez seria pra valer. Sabe, depois de alguns meses que você partiu, reencontrei esse amigo, ele estava extremamente feliz, com um novo relacionamento, perguntou sobre nós dois. O que eu diria? Eu só escuto a mim mesma, nunca dei ouvidos ao que falavam sobre cuidar de mim e seguir em frente, eu sempre prefiro estar comprometida a que um dia você chamou de amor, mas que nunca foi amor. Eu estava do seu lado nos piores momentos, mas nos meses de angústia você nunca estava lá. O que aconteceu com você naquele outubro? Desde então, você nunca mais foi o mesmo. Eu engoli cada lágrima que escorreria com aquela pergunta e minha resposta não poderia ser outra: terminamos, de novo. Mas estava expresso no rosto dele que aquilo que eu acabara de falar não era surpresa alguma, afinal, fui a única que não previa sua imprevisibilidade, sua instabilidade em estar por perto. Você sorri para outras, eu abro um sorriso para o nosso passado, que sempre vem seguido de lagrimas, lagrimas que duram por oito meses, desde quando você partiu. Outubro chegará em dias, e eu ainda continuo presa a você, mesmo você não me querendo mais como prisioneira.