Romântico (Só que não)!

A política é uma curva plana como uma espiral, inicia em um ponto móvel e gira em torno de um ponto fixo que vai se afastando ou aproximando.

O que se procura na política, desde sempre, é o poder de um grupo em detrimento de outro, por isso nas democracias existem eleições diretas para governantes e legisladores.

As categorias de todas as classes lançam seus candidatos que lutarão por seus interesses.

Sempre foi assim e sempre será, o que desequilibra é a qualidade de quem elege, é o nível de informação que o eleitor possui.

Teoricamente não há mistério, mas a prática política não se dá em um ponto móvel que gira, mas em um ponto cego que ora gira, ora vira de cabeça para baixo, cai, para, levanta, pula, corre, anda.

E assim, dentro de um furacão, a confusão faz nascer lideranças maltrapilhas e cobertas de lama, mas que são vendidas como se não tivessem atravessado o umbral e defecado no inferno.

Essas lideranças, aparentemente imaculadas, surgem vestidas com roupas limpas, forçam simpatia, fingem solidariedade em um cenário politicamente devastado pela guerra natural entre um segmento partidário e outro.

No cenário atual, o presidente eleito aproveitou da situação criada desde o golpe de 2016, e surgiu como o novo, aquele que não faz o que os outros fazem, aquele que não tem nenhuma denúncia de corrupção, que colocaria uma arma na mão do cidadão de bem para acabar com a violência.

A diferença é que esse presidente não escondeu de ninguém que suas calças estavam borradas pelas cinzas do inferno, sua demência é tal, que se expôs do jeito que é, com todos os defeitos que um ser humano pode ter. De outra forma não seria eleito, não podia debater com um professor, porque todos saberiam o tamanho da sua incapacidade cognitiva.

O que ninguém imaginava, era que sua voz repercutiria em milhões de pessoas como ele, autoritárias, racistas, homofóbicas, com fobia à cultura. O discurso de ódio, que não existia antes, foi naturalizado e todo mundo passou a se odiar.

Odeio preto, odeio índio, odeio gay, odeio a esquerda... As pessoas se aglutinaram em torno do ódio e ele foi eleito pisando na educação, cultura, saúde, fazendo campanha para que todos se 'contaminem logo' , porque 'todos vão morrer mesmo, e daí?'

A economia é um desastre, relações exteriores só existe babação aos EUA e Israel, enquanto agride jornalistas diariamente e não demonstra empatia pelas mais de 120 mil mortes pela Covid.

A família toda envolvida no esquema de desvio de dinheiro público, devidamente provado, além das suspeitas de envolvimento no assassinato de Marielle Franco, escondeu o fugitivo Queiroz, condecora miliciano.

Ele taxa livros e facilita compra de armas, nega a ciência e faz propaganda de placebo.

Ele está em alta, não sei como, mas isso nos faz acreditar que convivemos com mais pessoas desajustadas socialmente do que imaginávamos. Aquela alegria e otimismo que o brasileiro tinha e que sempre foi sua marca, foram substituídos pelo ódio, preconceito.

Em um cenário desse não há nação que prospere, a incompetência é a regra, a violência é a consciência.

Pelo bem do futuro, tirem as crianças da sala!

Infeliz o romântico que se inspira em frases de exclusão, de negação, de alienação, deprimentes e desumanas, porque as atitudes são mais perversas do que a voz.

O romântico não pode conviver, a não ser que seja um igual, ou esteja sendo enganado, em um ambiente de onde saem essas pérolas:

Racismo:

"Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles";

Homofobia:

“90% desses meninos adotados vão ser homossexuais e vão ser garotos de programa com toda certeza desse casal” ;

Tortura:

“Eu sou favorável à tortura, tu sabe disso”.

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 04/09/2020
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